VLADIMIR MAIAKOVSKI
O turbulento arauto da revolução
A despeito dos acalorados embates literários e políticos em que se envolveu (talvez até por causa deles), antes e depois da Revolução Bolchevique que implantou o regime comunista na Rússia, nenhum outro escritor tem sua imagem tão associada a esse movimento quanto Vladimir Maiakovski. O poeta futurista, conhecido mundialmente como um dos expoentes dessa corrente literária, tinha o gene da contestação – convivendo com a pobreza, a prisão, a glória e a solidão.
Nascido em 07 de julho de 1893 na Geórgia, então parte do Império Russo, Vladimir Vladimirovitch Maiakovski era natural da cidade de Bagdadi – que hoje leva o seu nome. Filho de um guarda florestal, Maiakovski vivia em uma casa próxima à fortaleza da cidade e desfrutava da liberdade da vida nas montanhas do Cáucaso, seus riscos e belezas. Foi incentivado pelo pai a recitar versos clássicos da poesia russa, como a obra de Puchkin, e se tornaria um brilhante orador na vida adulta.
Ainda na adolescência, envolve-se em levantes e revoltas. Cursava o ensino médio na cidade de Kutasi, onde surgiam iniciativas socialistas. Ao mesmo tempo, o jovem demonstrava talento para o desenho, não apenas para as letras. Após a morte do pai, Maiakovski mudou-se para Moscou, ao lado da mãe e das duas irmãs mais velhas. Logo ingressaria no Partido Trabalhista Social-Democrático Russo, envolvido que estava com a literatura marxista.
Passou onze meses preso, após participar da fuga de ativistas feministas da prisão. Nesse período, passa a se dedicar à poesia e, afastado do partido, resolve se dedicar à construção de uma arte socialista. Participa, no início da década de 1910, do surgimento do movimento futurista. Em 1911, ingressa na Escola de Arte de Moscou – da qual seria expulso dois anos depois. Juntamente com outros poetas, Maiakosvski levava a poesia libertária às ruas, com recitais e aparições públicas.
Publica “A Nuvem de Calças” em 1915 – que fugia conscientemente de toda a tradição da poesia russa. Estava em contato com outros inovadores, como o romancista Máximo Gorki e os artistas David Burlyuk e Ilya Repin. Colabora como cartunista em jornais, enquanto lança poemas que aprofundam seu questionamento social e humano, como “A Flauta Vértebra” (1915), “A Guerra e o Mundo” (1917) e “O Homem” (1918).
Adere ao movimento revolucionário comunista e, em 1919, atua como artista gráfico para a Agência Telegráfica. Conhecido como autor, faz diversas excursões ao exterior, passando por cidades como Paris e Berlim, recitando sua poesia. Publica “Sobre isso” em 1923 e é um dos expoentes do jornal Novo LEF, que reunia a nata dos futuristas russos. Em viagem por países da América, tem um relacionamento nos Estados Unidos, do qual nasceria sua filha, Patricia. É celebrado pelo novo governo.
No auge de sua fama, buscando entender os rumos do país, Maiakovski desferiu um tiro em seu próprio coração, abreviando a vida conturbada, em 14 de abril de 1930. Em sua carta de despedida, escrita dois dias antes, consta o trecho de um poema inacabado: "Estou quite com a vida./ Inútil passar em revista/ as dores/ as desgraças/ e os erros recíprocos./ Sejam felizes!"
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)