ALDOUS HUXLEY
Admirável mundo novo e mais


   O escritor e roteirista inglês Aldous Huxley tornou-se, ao longo de seus quase 70 anos de vida, um personagem tão complexo quanto os protagonistas de seus livros. Neto do cientista Thomas Huxley e de família abastada, ele fez um longo caminho de descobertas, pessoais e literárias, a partir de sua infância em Godalming, no sul da Inglaterra, onde nasceu em 26 de julho de 1894.
   Influenciado pelo legado de seu avô, que foi contemporâneo, colega e entusiasta de Charles Darwin, Aldous Leonard Huxley formou-se em Eton e chegou a iniciar o curso de medicina. No entanto, uma ceratite deixou o jovem Huxley quase cego. A recuperação lenta e a impossibilidade de seguir carreira na área médica o levaram, finalmente, à Literatura, entrando no Balliol College, em Oxford. Lá, gradou-se em Literatura Inglesa, em 1915.
   Já no ano seguinte, Huxley publicou seus primeiro poemas. Passou a escrever ensaios e textos históricos, enquanto desenvolvia seus romances satíricos – a partir de “Férias em Crome” (1921). Pouco depois, ele começou sua rotina de viagens. Viveu em países como a Suíça, a Itália e a França, entre 1923 e 1930. Publicou alguns romances menores até que, inspirado por uma viagem à Índia, lançou “Contraponto”, em 1928.
   Huxley marcou seu nome na ficção científica com um livro que, de início, seria uma paródia. “Admirável Mundo Novo” (1932), com sua visão irônica de um futuro nada improvável, abordou temas que seriam polêmicos hoje em dia, quanto mais na complexa década de 1930. Tecnologia reprodutiva, os conceitos de civilização, selvageria e barbárie, e a manipulação da mente são alguns deles, ambientados em uma Londres futurista no ano 2540. A ficção científica de Huxley traz grande empenho na análise social, algo que chegava a ser novidade na época.
   O autor afirmou, em entrevista ao “Paris Review”, que não planejava seus romances – partia de uma ideia e de alguns personagens, e escrevia regularmente para ver aonde iria. Ele exercitou novas técnicas narrativas e obteve sucesso de público e de crítica com “Admirável Mundo Novo”. A experiência na Índia, com seu sistema rígido de castas, é um fator presente e decisivo.
   Em 1938, o escritor passou a residir em Hollywood e a trabalhar como um dos mais prestigiados roteiristas na Meca do cinema norte-americano. Publica “Também o cisne morre” (1939), “O tempo pode parar” (1944) e “O macaco e a essência” (1948), outro de seus sucessos. Na década seguinte, após experiências com a mescalina e o LSD, ele acabaria se transformando em um dos pais do movimento hippie, com seu autobiográfico “As portas da percepção”, de 1954.
   Em 1958, os caminhos de Huxley se cruzaram com o Brasil, quando o escritor passou por aqui, em uma de suas muitas viagens. Ele chegou a conhecer índios no Xingu e a visitar favelas no Rio de Janeiro. Seus últimos anos foram afetados por um câncer de laringe, diagnosticado em 1960. Voltou à ficção científica com “A Ilha” (1962), seu último romance. Morreu em 22 de novembro de 1963, dia em que o mundo foi abalado pelo assassinato de John Kennedy.

(Parte da coletânea ESCRITORES DE SCI-FI, FANTASIA E AFINS, de William Mendonça. Direitos reservados.)