FLORBELA ESPANCA
Ela que quis ‘amar, amar perdidamente’
Uma geração de brasileiros foi apresentada à poesia de Florbela Espanca através da música “Fanatismo”, composta pelo cearense Raimundo Fagner sobre soneto da autora portuguesa, primeira canção do álbum Traduzir-se, de 1981. Os versos de amor rasgado são a mais típica manifestação da personalidade apaixonada de Florbela Espanca. E amar, como ela bem definiria em outro poema, deveria significar “amar perdidamente”. Assim foi até seu último minuto.
Florbela d´Alma da Conceição Espanca nasceu em 08 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, no Alentejo, em Portugal. As relações familiares eram difíceis de explicar, mas não incomuns naqueles tempos de falso moralismo. Registrada no batismo como “filha ilegítima de pai incógnito”, com apenas o nome da mãe, Antônia da Conceição Lobo, Florbela foi criada pelo pai, João Maria Espanca. A esposa de João Maria, que seria madrinha de batismo de Florbela, criou a menina. O mesmo ocorreria com o irmão da poetisa, Apeles, filho do mesmo pai e mãe.
João Maria Espanca, que trabalhava como antiquário e foi um dos introdutores do cinematógrafo em Portugal, era um republicano, muitas vezes perseguido. A família mudou-se para Évora, quando Florbela iria concluir os estudos. A essa altura, a jovem já havia iniciado sua viagem pelo mundo das letras. Data de 1903 seu primeiro poema conhecido, “A vida e a morte” – duas palavras que marcariam a passagem de Florbela Espanca pelo mundo.
Já em 1913, Florbela casa-se com, Alberto de Jesus da Silva Moutinho, com quem tinha estudado desde o primário. Seria o primeiro de três casamentos – os outros com António José Marques Guimarães (1921-1925) e Mário Pereira Lage (1925-1930) – sempre em busca do amor pleno e definitivo. Em 1916, começa a procurar espaços onde publicar seus poemas. Reúne parte de sua produção no projeto “Trocando Olhares” e passa a colaborar com um suplemento de O Século de Lisboa.
Apaixonada também por seu país, Florbela Espanca escreve “Alma de Portugal”, que classificou como uma “homenagem humilíssima à pátria”, após o início da participação do país na Primeira Guerra Mundial. Ela se entrega a outro projeto, “O Livro d´ele”, e termina o Curso de Letras em 1917. Chega a cursar Direito em Lisboa, mas abandona. Através de seu irmão, figura central em sua vida, Florbela conhece a nata da intelectualidade de Lisboa.
Seu “Livro de Mágoas”, publicado em 1919, não foi recebido com entusiasmo à época. O segundo livro viria a público em 1923, o “Livro de Soror Saudade”. Enquanto escreve poemas que integrariam o livro “Charneca em Flor”, faz tradução de romances franceses e colabora com publicações como o D. Nuno, de Vila Viçosa, Florbela passa por separações, casamentos e altos e baixos. Porém, um episódio trágico marca seus últimos anos: o suicídio do irmão Apeles, piloto, que mergulha seu avião no Tejo, em 1927.
Abalada, escreve um livro de contos em memória do irmão e produz poemas que comporiam o póstumo “Reliquiae”. A depressão ganha força e a voz do amor e da paixão dá lugar à dor mais profunda. Florbela comete suicídio em 08 de dezembro de 1930, ingerindo uma overdose de barbitúricos.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)
Ela que quis ‘amar, amar perdidamente’
Uma geração de brasileiros foi apresentada à poesia de Florbela Espanca através da música “Fanatismo”, composta pelo cearense Raimundo Fagner sobre soneto da autora portuguesa, primeira canção do álbum Traduzir-se, de 1981. Os versos de amor rasgado são a mais típica manifestação da personalidade apaixonada de Florbela Espanca. E amar, como ela bem definiria em outro poema, deveria significar “amar perdidamente”. Assim foi até seu último minuto.
Florbela d´Alma da Conceição Espanca nasceu em 08 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa, no Alentejo, em Portugal. As relações familiares eram difíceis de explicar, mas não incomuns naqueles tempos de falso moralismo. Registrada no batismo como “filha ilegítima de pai incógnito”, com apenas o nome da mãe, Antônia da Conceição Lobo, Florbela foi criada pelo pai, João Maria Espanca. A esposa de João Maria, que seria madrinha de batismo de Florbela, criou a menina. O mesmo ocorreria com o irmão da poetisa, Apeles, filho do mesmo pai e mãe.
João Maria Espanca, que trabalhava como antiquário e foi um dos introdutores do cinematógrafo em Portugal, era um republicano, muitas vezes perseguido. A família mudou-se para Évora, quando Florbela iria concluir os estudos. A essa altura, a jovem já havia iniciado sua viagem pelo mundo das letras. Data de 1903 seu primeiro poema conhecido, “A vida e a morte” – duas palavras que marcariam a passagem de Florbela Espanca pelo mundo.
Já em 1913, Florbela casa-se com, Alberto de Jesus da Silva Moutinho, com quem tinha estudado desde o primário. Seria o primeiro de três casamentos – os outros com António José Marques Guimarães (1921-1925) e Mário Pereira Lage (1925-1930) – sempre em busca do amor pleno e definitivo. Em 1916, começa a procurar espaços onde publicar seus poemas. Reúne parte de sua produção no projeto “Trocando Olhares” e passa a colaborar com um suplemento de O Século de Lisboa.
Apaixonada também por seu país, Florbela Espanca escreve “Alma de Portugal”, que classificou como uma “homenagem humilíssima à pátria”, após o início da participação do país na Primeira Guerra Mundial. Ela se entrega a outro projeto, “O Livro d´ele”, e termina o Curso de Letras em 1917. Chega a cursar Direito em Lisboa, mas abandona. Através de seu irmão, figura central em sua vida, Florbela conhece a nata da intelectualidade de Lisboa.
Seu “Livro de Mágoas”, publicado em 1919, não foi recebido com entusiasmo à época. O segundo livro viria a público em 1923, o “Livro de Soror Saudade”. Enquanto escreve poemas que integrariam o livro “Charneca em Flor”, faz tradução de romances franceses e colabora com publicações como o D. Nuno, de Vila Viçosa, Florbela passa por separações, casamentos e altos e baixos. Porém, um episódio trágico marca seus últimos anos: o suicídio do irmão Apeles, piloto, que mergulha seu avião no Tejo, em 1927.
Abalada, escreve um livro de contos em memória do irmão e produz poemas que comporiam o póstumo “Reliquiae”. A depressão ganha força e a voz do amor e da paixão dá lugar à dor mais profunda. Florbela comete suicídio em 08 de dezembro de 1930, ingerindo uma overdose de barbitúricos.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)