O último beat
Meu pai sofreu muito com a minha mãe, imagino eu. Ele er romântico, ela gralha. Penso em por o pé na estrada com o Buiui e com o Rasputa para terminar esta passagem do último beat, mas tou cansado. Só lembranças como aquela que meu padrinho tio Irineu que me levava como grande passeio até o aeroporto ver os aviões junto com as minhas primas, mas que ficou puto quando chegou em casa e viu uma mijada no ralinho do quintal e imediatamente postulou a mim a mijada. Eu era inocente, tinha sido meu pai. Acho que depois daquela mijada eu nunca mais fui ver os aviões. Anos depois escrevi A Mijada:
To loco pra dar uma mijada
Posso mijar e daí,
Passar a mão no cabelo
E ai o duro, não é o pau.
É pagar cinqüenta
Não vou ficar filosofando dias e noites
Pronto, estou mais leve.
Estou cansado de pentear os cabelos
E ai solto otrocentas risadas
Não quero estragar tudo
Continuo rindo
Vou tomar mais um gole
Esperar que o garçom acenda o meu cigarro
Obrigado(a), vou lutando contra as frases prontas
Esperando ascender mais unzinho
E daí emputeço e caio na gandaia
Vi uma lua e um por do sol
Senti aquela sede
Sabe? Aquela.
E me pus a viajar
Corpo, cabeça
Membros e pensamentos
Fazer amor, sentir a terra
Catapultado ao futuro
Vou melhorar
Vou questionar
Olhos abertos, grande dia oito
Grande baleia, enorme oceano
Sem falar do sonho
E todo o céu que se impõe
Nada acontece
E acontece o dia todo
Eu estava lá, você também
A teoria da loucura
O tesão da teoria
A loucura e o tesão
A teoria separada do pensamento
Foda
A mudança para a terra dos esquimós
Vou penteando a careca
Chernobyl sou eu
Não existem mais peixes
Derreteram as geleiras
Enorme mijada