A voz que atormenta
A vida parece ser injusta, sem graça, que nos faz por muitas vezes querer dela desistir, sem nela depositarmos todas as possibilidades positivas. Após a morte somos levados pela fé de que se deitarmos calados seremos perdoados, de que fazer o seu melhor e pecar frente os valores morais é danoso ao espírito. Perdemos tempo sofrendo pelo passado que não volta ou sofrendo acreditando que no futuro teremos o prêmio que fará com que a jornada seja repleta de flores.
Os pássaros voam livremente pelos céus, estejamos nós alegres ou tristes. Alguns sentem inveja dos que são livres e aumentam o sofrimento na própria prisão que construíram. Os modelos do mundo não passam de um alimento gorduroso ou a marca da desnutrição.
Podemos correr e podemos cair, a certeza é que precisamos arriscar para chegarmos sempre em primeiro lugar. Tentamos tantas vezes ser apenas reconhecidos sem percebermos que antes precisamos reconhecer quem nos estendeu a mão quando mais precisávamos. Choramos e ficamos trancados no quarto sem ao menos percebermos que é através de nossas ações que conquistamos aquilo que tanto queremos.
Para alguns a vida é justa, é engraçada, é de momentos em que apenas precisamos superar a dor, é de momentos em que precisamos ter forças para superarmos os obstáculos que impedem que os nossos sonhos sejam realidade, é de momentos em que na pior das tragédias precisamos ter fé e a certeza de que uma tempestade sempre antecede um lindo dia sol para quem não é levado pelo vento. O pecado é criado por senhores para calar escravos, a vida é um pecado quando negada em sua totalidade tão abundante no agora. Tudo é uma única jornada e todos se tornam aquilo que são, mesmo que tolos acabem em tolice e sábios mergulhem na mais profunda loucura.
O pássaro cai e quando não morre tenta voar novamente. A inveja é uma fraqueza trocada entre pessoas inferiores que não conseguem se concentrar no próprio ego e dizem que o egoísmo mata, o que mata é a ignorância de bater na porta de estranhos pedindo pela ajuda que é despertada apenas pelo amor que cada um de nós é capaz de exalar. Voltando-se para si mesmo e revelando-se contra si mesmo, eis a essência do mundo que quando realmente percebemos compreendemos todas as coisas sem apoiarmos todos os absurdos que não nos levam para uma calorosa reflexão.
O último lugar não é digno como também não é digno o primeiro lugar para aqueles que não fazem o seu melhor por fraqueza ou compaixão dos miseráveis que também não fazem o seu melhor. A gratidão e o amor pelo novo geram muitos incompreensivos, muitos inimigos que de tão longe que estão de nossa doce realidade não conseguem tocar e apenas bobagens falam do que enxergam sem definirem ao certo aquilo que estão vendo ou apenas ouviram falar. No fundo tudo o que temos para esconder é por medo de enfrentarmos os valores estabelecidos que nos fazem sofrer, no fundo sabemos que podemos fazer muito mais do que já fizemos e do que estamos fazendo.
Escritor Joacir Dal Sotto