A menina e a mulher.
A menina costumava se esconder em sua timidez.
Tinha vários sonhos escondidos e palavras não ditas.
Mas mesmo em sua máscara social, deixava subir para os dignos de sua confiança uma franqueza lapidada.
A menina cresceu e anda seguindo seu caminho.
A máscara de outrora agora só tinha espaço nas origens e extremos de suas emoções.
Virou um reflexo modificado de seus entes queridos, buscando adaptações para si de suas qualidades e defeitos.
Nem sempre tem sucesso, mas aprendeu mesmo com muitas lágrimas, oscilações fisiológicas e emocionais a nunca parar de tentar e acreditar.
Já deixou de lado a dependência excessiva de seus cuidadores, mas não sua interdependência, gratidão e afeto.
Isso é o que acontece quando o amor é solidificado pela sinceridade.
Nem sempre acerta, mas conhece a honestidade de se sentir humana.
A menina em certo ponto se olhou no espelho e viu que já se fez mulher.
A mulher se analisa, muitas vezes com racionalidade excessiva.
Sabe que aprender a viver é atividade contínua.
Mas não deixa de se culpar quando a costumeira dispersão provoca o esquecimento de atitudes ditas perfeitas de consideração por quem ama.
Carrega resquícios de modelos de vida que não são seus, mas de seus iguais.
Nesse momento, a menina puxa a saia da mulher e aponta para um lugar esquecido.
A mulher se abriu para aquilo e deu de cara com sua balança de evolução interior.
Os sorrisos foram simultâneos quando o resultado positivo foi reparado.
De alma lavada, ambas fecharam a cortina das análises e seguiram suas vidas: cada uma em sua época.