kl036.gif

Mazzaropi, o brasileiro
 

Amácio Mazzaropi, filho de imigrantes, o pai italiano e a mãe portuguesa, nasce no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, em 9 de abril de 1912. Vivo fosse, completaria hoje 100 anos de idade.

Aos dez anos mora em Taubaté, em São Paulo, no Vale do Paraíba, recanto de muitos artistas brasileiros. Nesta época frequenta atividades circenses e aos 14, deixa a casa dos pais para acompanhar o Circo La Paz, da capital paulista. Entre um número e outro de faquir, conta anedotas e causos. Destaca-se e começa uma longa e brilhante carreira artística.

De 1935 a 1945, convence os pais – que se opunham à sua carreira artística - a atuarem como atores. Cria-se a Trupe Mazzaropi, que sob esta denominação percorre diversos municípios do interior de São Paulo. Em 1946, Mazzaropi estreia na Rádio Tupi, com o programa Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da rádio e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Quatro anos depois, o programa estreia na televisão.

Em 1952, convidado pela Vera Cruz, Mazzaropi concretiza o filme “Sai da Frente”, o primeiro de sua carreira. Trabalha em outros estúdios, consolidando seu nome no meio artístico. Em 1958 abre a própria produtora, “Produções Américo Mazzaropi” (PAM). O primeiro filme é “Chofer da Praça”, um grande sucesso. Em 1962, inicia a produção do filme “Jeca Tatu”, que chegou às telas dos cinemas em 1963. Deflagrado o sucesso, Mazzaropi lota os cinemas com seus filmes nas duas décadas seguintes.

Ao longo da sua carreira, Mazzaropi perpetra 32 longas metragens como cineasta. Os temas abordam histórias sobre o racismo, a religião, a política e a ecologia e fica conhecido por falar "a língua do povo". A crítica, no entanto, o despreza, assim como alguns cineastas da época. Seus filmes são considerados "superficiais" pela elite intelectual do País, apesar do enorme sucesso de público.

Mazzaropi morre em 13 de junho de 1981, aos 69 anos, vítima de um câncer na médula óssea. Nunca se casou, não teve filhos legítimos, mas deixou um filho adotivo, Péricles, que morreu na década de 1990. Até hoje seus filmes são sucesso de público e podem ser encontrados em DVDs.

Relembro as tardes de domingo, na minha pequenina Piquete - a Cidade Paisagem, quando no cinema da cidade anunciavam-se os filmes de Mazzaropi. Filha de família simples, nada me faltou, entretanto, na infância e na adolescência. Imperdíveis os filmes do matuto brasileiro. Lembro-me bem das filas enormes para se conseguir uma vaga na sessão da tarde. Todos juntos, numa única fila, exigência do meu Papai.

Saudades, daquele cinema pureza...

 

kl036.gif
Rio de Janeiro, 9 de abril de 2012