SÉRGIO ESPÍRITO SANTO
O "cara" da Cultura
 
   Quem trabalha com Sérgio Espírito Santo tem a exata noção de como é conviver com um furacão. O ritmo – especialmente no período da produção de eventos – chega a ser alucinante, o trabalho nunca tem hora para acabar. Sérgio sabe delegar, mas cobra resultados constantemente.
   Isso diz muito sobre a personalidade desse itaboraiense, nascido em 17 de setembro de 1966, de origem humilde, que hoje preside a Fundação de Arte e Cultura da cidade e, mesmo não tendo sido eleito vereador, foi o 10º mais votado nas últimas eleições. Diz muito, mas não completa o quadro.
   Sérgio Espírito Santo – “o cara da cultura”, como muita gente diz – é alguém que gosta de trabalhar com os amigos e de fazer amigos no trabalho. Gente com que ele trabalhou fora de Itaboraí, como Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana e seu ex-chefe na gravadora Rock It!, mantém a amizade e dá declarações de apoio e admiração pública a Sérgio.
   Gente com quem ele trabalha na cidade, sempre com aquele jeito “furacão” de ser, descobre rapidamente que Sérgio reconhece o valor de cada um e luta para incluir os amigos em projetos. Os amigos itaboraienses espalhados pelo mundo, como Manoel Suhet, Márcio Soares,  Renato Antunes, Ronaldo Soares e outros de sua geração, tem em Sérgio o cara “aglutinador”, o link entre todos.
   Mas o que fez do jovem que queria ser jogador de futebol e ganhava a vida como ajudante de pedreiro ou garçom lá no início dos anos 80, sair do underground, como vocalista de uma banda hardcore de uma cidade de interior e chegar a trabalhar com os principais nomes do pop brasileiro, e hoje ser o responsável pelo Patrimônio Histórico e receber mais de três mil votos em sua cidade?
   Talvez os segredos do sucesso tenham sido, primeiro, fazer questão de levar o nome de Itaboraí, sua cidade natal, aonde quer que fosse. Por muito tempo, a cidade mais pobre da Região Metropolitana só aparecia na mídia quando os Tubarões Voadores tocavam em algum lugar ou recebiam elogios de gente como Lulu Santos, Frejat ou Dado Villa-Lobos. Segundo, procurar o sucesso na vida levando junto os seus amigos. Terceiro, renovar a equipe, reunindo sempre jovens talentos ao grupo que já trabalhava com ele.
   Mas isso também não diz tudo sobre “o cara da cultura”. Ele é o cara dos eventos de conscientização, sobre a AIDs e sobre o meio ambiente, e que fundou uma ONG que hoje atende a centenas de pessoas na cidade. Ele também teve que reaprender a trabalhar, quando, no atual governo, ao invés de receber a “badalada” área dos grandes eventos, assumiu a missão de cuidar de algo que – sejamos sinceros – quase ninguém realmente dava importância: o patrimônio histórico. 
   Em pouco tempo, primeiro como gestor da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, depois como presidente da FAC, Sérgio Espírito Santo conseguiu para Itaboraí a vice-presidência da Associação Brasileira das Cidades Históricas (presidida por Ouro Preto), teve seu plano diretor aprovado pelo governo federal, o que vai render 14 milhões de reais para a cidade em 10 anos, e, entre muitas outras vitórias, conseguiu recentemente emplacar o sucesso do ItaboraRio, evento que certamente vai entrar no calendário cultural fixo de Itaboraí.
   Se Itaboraí está hoje no mapa da cultura no Estado do Rio e no país, Sérgio Espírito Santo, com seus mais de 20 anos de batalha, tem tudo a ver com isso.
 
(Parte da coletânea ITABORAÍ, TANGUÁ E REGIÃO (2), em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)
 
INFO: Publicado no jornal O VERBO, edição nº 6, de 07/12/2010.