HENRIK IBSEN
Reinventando o modo de escrever teatro
A longa vida do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen permitiu que o autor transitasse por vários estilos e escolas, iniciando-se com textos de enredo histórico, passando pelo romantismo e o nacionalismo para, finalmente, alcançar o auge com textos realistas e simbolistas. Nascido em Skien, em 20 de março de 1828, Ibsen teve um início de infância abastado, mas depois que seu pai – um autoritário alcoólatra comerciante de madeiras – abriu falência, passou por dificuldades. Teve formação como autodidata, foi aprendiz de farmacêutico e chegou a tentar estudar medicina. Aos 22 anos lançou seu primeiro texto teatral, “Catilina”, em que mostrava influência de clássicos como Cícero e Salústio.
Em sua primeira fase, Ibsen dirigiu o teatro de Bergen e, em 1857, o Teatro Norueguês de Kristiania, com a missão de combater a influência dinamarquesa. Nesse período, escreveu peças de conteúdo histórico, nacionalista ou romântico. Foi a partir de 1862, quando escandalizou a sociedade com sua sátira às convenções sociais “Comédia do amor”, que Ibsen chamou verdadeiramente a atenção e começou a construir uma obra fundamental para o teatro mundial.
Devido ao sucesso de “Os pretendentes da coroa”, um drama sobre a história medieval norueguesa (1863), Ibsen recebeu uma viagem à Itália, onde escreveu a obra-prima “Peer Gynt” (1867) e outras peças. Em seguida, mudou-se para a Alemanha, onde iniciou sua fase realista. Conta-se que Ibsen tirava os enredos de suas histórias de reportagens de jornais da época – coisa que o brasileiro Nelson Rodrigues repetiria quase um século depois. Dessa época, destacam-se o primeiro sucesso internacional do escritor, “A casa de bonecas” (1879), além de “As colunas da sociedade” (1877), a ultra-realista “Espectros” (1881), “O inimigo do povo” (1882) e “O pato selvagem” (1884).
Desfrutando de popularidade em sua época, Ibsen experimentou elementos modernos, entrou em uma fase simbolista em seu teatro – mesclando cenários realistas a sombras e situações fantásticas. “A dama do mar” (1888) é o texto mais instigante desse período, em que o autor escreveu também “Rosmersholm” (1886), “Hedda Gabler” (1890), “Solness, o construtor” (1892), “O pequeno Eyolf” (1894) e “John Gabriel Borkman” (1896).
Seu último texto, “Quando despertamos de entre os mortos”, é de 1899. Nos anos seguintes, teve três AVCs, vindo a falecer em 23 de maio de 1906, em Kristiania, na Noruega.
(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)
(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)