ÍBICO DE RÉGIO O POETA DO EROTISMO

_____________________________________________________

Poetas Gregos

 

Lenda e verdade se misturam na vida desse músico e poeta grego, nascido na cidade de Régio na Magna Grécia, hoje sul da Itália.

Íbico viveu na primeira metade do século VI a. C. (mais ou menos entre 680 e 640 a. C.). Compôs, inicialmente, poemas de temática mitológica, mas aos poucos foi revestindo seus poemas de uma roupagem lírica com leve tendência erótica. Temática com a qual sua obra ficou conhecida e da qual restam apenas fragmentos.

Íbico adquiriu grande prestígio em sua cidade natal. Tanto que lhe foi convidado a governá-la, porém ele recusou, e retirou-se para Samos, onde passou a viver na corte de Polícrates.

Estudiosos e pesquisadores dizem que na poesia de Íbico, há claras evidências de que o autor tinha desvios sexuais, ou seja, uma paixão homossexual por rapazes. Atribuem a Íbico a invenção do encômio, discurso público em louvor de um personagem humano em lugar de um deus, além de ser o criador da Ode da Vitória.

Sabe-se também que ele tinha amor a natureza, especialmente por pássaros. De tal modo era essa simbiose com os pássaros que reza a lenda, foram eles, os pássaros, que selaram o destino dos autores da trágica morte do poeta. Há duas versões para a atuação dos pássaros na lenda:

 Íbico ao ser assassinado por ladrões num lugar deserto, perto da cidade de Corinto, apontou para um bando de grous (aves grandes) dizendo: "Eles me vingarão". Assim dizendo, fechou os olhos e morreu.

Passado algum tempo, os matadores se traíram durante um espetáculo público, ao apontarem para um bando de grous, rindo e gozando o poeta: "Serão os vingadores de Íbico?" Os assassinos depuseram contra si mesmos. Denunciados, foram executados.

Na segunda versão, quando os assassinos chegaram a uma aldeia próxima, alguns pássaros voaram sobre eles e os atacaram a bicadas até que a multidão entendeu a mensagem e prenderam os criminosos.

Da obra fragmentada de Íbico, estes são os dois poemas mais conhecidos:

Eros, de novo, sob pálpebras sombrias,

Lança-me olhares molhados

De manhas mil,

E me enreda nas malhas cerradas

Da deusa da beleza.

À sua aproximação,

Tremo

Como um cavalo atrelado,

Antes pronto a vencer,

Agora hesitante

Ante carros mais rápidos. (Tradução: Décio Pignatari)

Alçam-se os marmeleiros na primavera,

E os romanzeiros na vazão dos rios,

Onde o jardim das virgens sensualizam rosas.

Dulçura exorbita em gomos, sob os pâmpanos.

Contudo, a mim, jamais o amor me adoça ou passa.

Tortura-me deus Eros, como o Bóreas trácio,

Quando seus trovões da Cípria assopra

Roucos, indefensáveis, tenebrosos,

e sob as pálpebras de névoa,

Eros, por cima, cálido me espia,

Para lançar-me aos laços de Afrodite,

Aos mansos passos de Eros estremeço

Qual cavalo velho, fatigado das vitórias,

E que em carro alucinado, contrafeito,

Lança em últimas contendas a carcaça. (Tradução: Antônio Medina Rodrigues) ®Sérgio.

Tópicos Relacionados: (clique no Link)

Hesíodo.

Safo de Lebos.

Píndaro.

Alceu de Metilene e Anacreonte.

Íbico De Régio, O Poeta do Erotismo

Mosco e Bíon.

____________________

Poemas extraídos de: O Livro de Ouro da Poesia Universal, seleção Ary de Mesquita. Editora Tecnoprint, 1988.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre.

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 07/03/2009
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T1473423
Classificação de conteúdo: seguro