ÍBICO DE RÉGIO O POETA DO EROTISMO
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Poetas Gregos
Lenda e verdade se misturam na vida desse músico e poeta grego, nascido na cidade de Régio na Magna Grécia, hoje sul da Itália.
Íbico viveu na primeira metade do século VI a. C. (mais ou menos entre 680 e 640 a. C.). Compôs, inicialmente, poemas de temática mitológica, mas aos poucos foi revestindo seus poemas de uma roupagem lírica com leve tendência erótica. Temática com a qual sua obra ficou conhecida e da qual restam apenas fragmentos.
Íbico adquiriu grande prestígio em sua cidade natal. Tanto que lhe foi convidado a governá-la, porém ele recusou, e retirou-se para Samos, onde passou a viver na corte de Polícrates.
Estudiosos e pesquisadores dizem que na poesia de Íbico, há claras evidências de que o autor tinha desvios sexuais, ou seja, uma paixão homossexual por rapazes. Atribuem a Íbico a invenção do encômio, discurso público em louvor de um personagem humano em lugar de um deus, além de ser o criador da Ode da Vitória.
Sabe-se também que ele tinha amor a natureza, especialmente por pássaros. De tal modo era essa simbiose com os pássaros que reza a lenda, foram eles, os pássaros, que selaram o destino dos autores da trágica morte do poeta. Há duas versões para a atuação dos pássaros na lenda:
Íbico ao ser assassinado por ladrões num lugar deserto, perto da cidade de Corinto, apontou para um bando de grous (aves grandes) dizendo: "Eles me vingarão". Assim dizendo, fechou os olhos e morreu.
Passado algum tempo, os matadores se traíram durante um espetáculo público, ao apontarem para um bando de grous, rindo e gozando o poeta: "Serão os vingadores de Íbico?" Os assassinos depuseram contra si mesmos. Denunciados, foram executados.
Na segunda versão, quando os assassinos chegaram a uma aldeia próxima, alguns pássaros voaram sobre eles e os atacaram a bicadas até que a multidão entendeu a mensagem e prenderam os criminosos.
Da obra fragmentada de Íbico, estes são os dois poemas mais conhecidos:
Eros, de novo, sob pálpebras sombrias,
Lança-me olhares molhados
De manhas mil,
E me enreda nas malhas cerradas
Da deusa da beleza.
À sua aproximação,
Tremo
Como um cavalo atrelado,
Antes pronto a vencer,
Agora hesitante
Ante carros mais rápidos. (Tradução: Décio Pignatari)
Alçam-se os marmeleiros na primavera,
E os romanzeiros na vazão dos rios,
Onde o jardim das virgens sensualizam rosas.
Dulçura exorbita em gomos, sob os pâmpanos.
Contudo, a mim, jamais o amor me adoça ou passa.
Tortura-me deus Eros, como o Bóreas trácio,
Quando seus trovões da Cípria assopra
Roucos, indefensáveis, tenebrosos,
e sob as pálpebras de névoa,
Eros, por cima, cálido me espia,
Para lançar-me aos laços de Afrodite,
Aos mansos passos de Eros estremeço
Qual cavalo velho, fatigado das vitórias,
E que em carro alucinado, contrafeito,
Lança em últimas contendas a carcaça. (Tradução: Antônio Medina Rodrigues) ®Sérgio.
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Íbico De Régio, O Poeta do Erotismo
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Poemas extraídos de: O Livro de Ouro da Poesia Universal, seleção Ary de Mesquita. Editora Tecnoprint, 1988.
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