PESSOA
E suas previsões

   Muito se fala sobre o poeta português Fernando Pessoa, realmente um dos maiores nomes da literatura em todos os tempos. Nascido em Lisboa, a 13 de junho de 1888, Pessoa ficou conhecido pela questão dos heterônimos – ou seja, das várias personalidades que assumia ao escrever poesia. Esses heterônimos eram como vários poetas dentro de Fernando Pessoa, produzindo obras poéticas particulares, diferentes e, às vezes, de estilos completamente opostos. 
   O pai de Pessoa, Joaquim, morreu quando o poeta tinha apenas cinco anos, vítima de tuberculose. Pouco depois, surge o primeiro heterônimo do poeta: “Chevalier de Pas”. A mãe de Pessoa, Maria Madalena Pinheiro Nogueira, casou-se com o cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul, em 1895, e os dois se mudam para o país africano. Só voltaria a residir em Lisboa em 1905.
   Dos heterônimos de Fernando Pessoa, os mais famosos são, certamente, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, seguidos de perto por Bernardo Soares. Desses é composta a obra mais original e intensa do poeta português. Mas em seu baú de personalidades, Fernando Pessoa ainda tinha nomes como Alexandre Search, João Craveiro, Antonio Mora e Charles R. Anon, entre outros.
   Apesar da extensa publicação em revistas e periódicos, muitos deles lançados e editados pelo próprio Pessoa e amigos poetas, como Mário de Sá Carneiro, o poeta não obteve o devido reconhecimento em vida. Chegou ficar em segundo lugar no Prêmio Antero de Quental, em 1934, um ano antes de morrer, com os textos que comporiam o seu único livro publicado em vida, “Mensagem”, escrito, este sim, pela persona do próprio Pessoa, e não de um de seus heterônimos.
   No entanto, o que pouca gente comenta e que o poeta Fernando Pessoa era um grande amante da Astrologia, e de vários ramos do esoterismo. Era uma paixão intensa, que permitiu a criação de outro heterônimo – Rafael Bandaya. Era ele quem assinava os mapas astrais e análises esotéricas do geminiano Pessoa, e foi uma das últimas “personalidades” do poeta português a ser descoberta, somente 100 anos após o seu nascimento.
   De fato, Fernando Pessoa tinha fortes ligações com o ocultismo e o misticismo, especialmente a Maçonaria e a Ordem Rosa-Cruz, tendo, inclusive, feito a defesa pública dessas entidades em artigo para o Diário de Lisboa mesmo sem nunca ter-se filiado oficialmente a qualquer uma delas. Muito desse conhecimento esotérico de Pessoa é fundamental na escrita de “Mensagem”, que levou um período de mais de vinte anos e explica as origens místicas do povo português.
   Rafael Bandaya escreveu cerca de três mil originais, quase 10% da obra de Fernando Pessoa, incluindo pensamentos esotéricos, místicos, ocultistas e análises astrológicas – mais de 300 horóscopos. Como astrólogo, Fernando Pessoa – ou Rafael Bandaya – chegou a prever, com espantosa exatidão, o período de sua morte, que aconteceu em 30 de novembro de 1935. Conta-se, ainda, que o poeta chegou a cancelar um encontro com a poetisa brasileira Cecília Meireles, de quem era admirador, por considerar que, astrologicamente, o momento não seria propício – coisas do surpreendente e múltiplo Fernando Pessoa.

(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)