LORD BYRON
Um inconformado
As três gerações de poetas românticos brasileiros, principalmente a segunda, foram claramente influenciados pela trindade dos românticos ingleses - ou seja, Keats, Shelley e, em especial, Byron. Tendo em comum sua condição relativamente abastada e seu amor pela poesia, os três poetas chegaram a morar na mesma casa, em Roma, Itália - num período em que Byron fora "convidado" a se afastar do Reino Unido, pois sua postura inconformista denegria o nome da família.
George Gordon Noel Byron, que recebeu o título de Lord por herança, nasceu em 22 de janeiro de 1788, em Londres. Antes mesmo dos vinte anos, estreava em livro, sendo inicialmente mal recebido pela crítica, mas tornando-se rapidamente conhecido do público. Pouco tempo depois assumia uma cadeira na Câmara dos Lordes, graças à condição de 6º Barão Byron de Rochdale. Lá, também, o poeta mostrou seu lado rebelde.
Seu primeiro discurso, em 1812, quando era discutida a implantação da pena de morte para operários revoltosos, no contexto dos protestos contra a mecanização do trabalho, causou furor. Byron fez uma crítica aos empresários, ao capitalismo e aos efeitos da revolução industrial, de forma contundente e com sua conhecida verve irônica. Foi sempre polêmico quando ocupou seu lugar na política britânica, um “opositor nato”.
Paralelamente, sua carreira literária ganha força e, aos 24 anos, lança o livro que o projetaria em todo o mundo: "Peregrinação de Childe Harold", onde já se encontrava todo o ideal da poesia romântica - um herói desencantado, que viaja por terras distantes, vivendo amores e agruras. Childe Harold teria outros cantos (continuações) ao longo da vida do poeta, mas Byron, que mostrou maestria em outros livros como "O Corsário", "Lara", "D. Juan" e "Beppo, uma história veneziana", parecia querer encarnar o herói de seu poema - um homem inconformado, lutando pela liberdade e vivendo amores intensos.
Foi casado com Anne Isabella Milbanke, talentosa matemática que se encantou pelo poeta, mas a relação foi um completo desastre, a não ser pelo nascimento da única filha legítima do poeta, Ada Lovelace. Seguindo os passos da mãe, que incentivou o apreço pela matemática e a lógica, Ada é considerada pioneira na programação de computadores e colaborou com Charles Babagge no projeto de sua Máquina Analítica.
Há, na complicada vida de Byron, até mesmo rumores de um amor incestuoso com sua meia-irmã Augusta - um dos muitos escândalos do poeta. Mas, revolucionário por natureza, quase numa ânsia suicida, Byron se dedica a causas como o movimento revolucionário italiano (onde sai derrotado) e a guerra pela independência da Grécia. Lutando ao lado dos gregos, contra os turcos, após quatro meses de campanha, morre em Missolonghi, Grécia, a 19 de abril de 1824, de tifo.
Byron, por sua grandeza e proeminência, passou também nomear uma corrente literária dentro do Romantismo: o Byronismo. Por ironia, somente 145 anos após esta data, Lord Byron - que fora aclamado como herói pelo povo grego e desprezado pelos próprios compatriotas ingleses - recebe uma homenagem simbólica, uma placa no chão da abadia de Westminster, que lhe fora negado como sepultura.
(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)