Revisitando meus textos e meu perfil, me deparo com o que fui e que ainda sou. A minha ação imediata foi de apagar trechos no texto do perfil que não corresponde com o que eu penso atualmente, mas pensei que essa já foi eu, e ainda sou, pois tudo que fui me constitui hoje. Não há distinção exata entre passado e presente quando dizemos de nós. O “eu” inclui todas as experiências que vivi, todas as fantasias que tive, todas as expectativas, todas as frustrações.
Deixarei aqui abaixo o texto escrito no meu perfil, pois o que foi escrito há anos atrás ainda sou eu:
“Sinceramente, não sei muito o que falar de mim, 'vou escrevendo até as frases fazerem sentido'- Trecho do meu pensamento: Talvez frases sem sentido - Gosto de pensamentos e poemas com o estilo mais cada um entende o que quer, meio coisas não fazendo muito sentido, mais reflexivos. Eu sou apaixonadamente louca por músicas, gosto de muitos estilos, menos esses mais novos e fúteis que estão saindo na mídia. Detesto futebol. Sempre escrevo no mesmo caderno, trancada no me quarto e imaginando como seria se tudo fosse diferente, ou o que irá acontecer, tocando violão. Cresci ouvindo Legião Urbana, Raul Seixas, Scorpions e Queen, esses tipos. Meu pai tem grande influência no meu gosto musical. Sou estudante e amante da Psicologia. Muitas vezes a psicologia serve de base para minha inspiração. "Uma vez me perguntaram o que me inspira. Qualquer expressão de arte me inspira, mas preciso estar com o corpo aberto a receber este certo estímulo." Espero que gostem dos meus textos.Visitem meu Tumblr: http://bonitopia.tumblr.com/”
O primeiro trecho que iria apagar seria “Detesto futebol”, continuo não gostando de assistir futebol, mas na minha mente adolescente da época não gostar de futebol me fazia mais descolada, adolescente
cool queria ser
vintage. Me gabava dizendo não gostava de músicas
teen, de música popular brasileira da época como o Funk e Sertanejo, as chamava de fúteis. No entanto, ouvia-as escondida. Escondida de quem mesmo? De mim mesma! Na época escolar do colegial a moda era ouvir rock, principalmente internacional, eu gostava, mas sempre preferi o rock nacional. Percebo que Formações Discursivas estavam incidindo sobre o meu “eu” preconceituoso adolescente por discursos meritocráticos
vintage (termo que eu mesma inventei nesse momento (aquele que reconhece a arte como aquela produzida há tempos atrás, excluindo a arte produzida atualmente em todas as classes sociais). É engraçado como a arte para essas pessoas, e por um tempo para mim, eram aquelas antigas, por que estas já foram bastante reconhecidas e geralmente, cujo autores já morreram, obedecendo a regra de ditados populares “só reconhece quando perde”.
Estou numa eterna transformação, como diria Raul Seixas "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", tentando não negar o que fui e o que sou. Todas as nossas experiências constituem quem somos, todos os nossos defeitos estão em uma relação dialética com as nossas qualidades, para a qualidade existir é necessária a existência do "defeito".