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Um poeta do povo

A poesia é uma lâmina cega que corta quando precisa e cerze quanto é necessária. A poesia também tem a capacidade de polir almas e vestir as nuvens de terno, como diria o nosso Maiakowski. Portanto, fazer poesia num mundo massificado, onde a maioria das pessoas perderam a sensibilidade, foram embrutecidas pelo capitalismo, é um ato de heroísmo. Toda vez que leio um poeta fico pensando: nem tudo está perdido, nem toda esperança está morta. E quando o poeta é meu amigo, me sinto ainda mais contente porque no meu círculo tem gente que pensa, que vive, que faz arte. Foi com essa mescla de sentimento que li de um só fôlego as poesias do Cristóvão e pude constatar que a poesia não é só para os salões da burguesia ou da intelectualidade diletante. Como é arte e sentimento, pode ser feita por todos. E o Cristóvão é a prova mais cristalina de que a poesia é filha do povo. Operário metalúrgico, dirigente sindical e militante comunista e poeta de mão cheia, Cristóvão sintetiza o que há de mais avançado no ser humano, que é a capacidade de pensar, se indignar e buscar uma vida nova. Vale a pena ler este livro de poesias.
Edmilson Costa, poeta e compositor