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QUANDO EU PARTIR
Quando eu partir quero deixar
Somente uma lembrança amena,
Como a brisa que passa sem alarde,
Mas não deixa de soprar.
Não quero ser como a chuva,
Que deixa nas enchentes
Um rastro de violência
Marcando sua passagem.
Nem como a chuvinha mansa,
Que só traz melancolia
No ritmar compassado
E deixa poças de lama.
Não quero ser como o sol,
Que seca as pocinhas d’água,
Abrasa com seu calor
E se vai, nada deixando.
Não serei o vendaval
Que tomba a árvore amiga
E nem serei a geada,
Que arrasa e destrói.
Eu quero ser como a brisa
Que embala as folhagens,
Amaina o calor do sol
E afasta as nuvens escuras.
Eu quero ser como a brisa
Que não mata nem destrói,
Que nem sequer é notada,
Mas não deixa de soprar.
Quando eu partir, quero deixar
Somente uma lembrança amena,
Como a brisa que passa sem alarde,
Mas não deixa de soprar.