Sou como o intervalo entre o início e o nada, sou a peça
que sempre falta para completar o quebra-cabeça, sou um
risco fraco no papel que com o passar do tempo se esvai,
sou a vela acesa para espantar os teus monstros, sou um ser
limitado que nem beiro os 10% limite da funcionalidade do
cérebro do homem, sou meu próprio deus, "pois não existe
deus senão o homem", sou um corpo abandonado no vácuo, sou
o ranger de cama nas madrugadas frias, sou como o céu que,
junto com o sol, pega fogo todas as manhãs e tardes e
depois entrega-se ao frescor noturno da lua. Sou, enfim, o
que eu quiser ser, pois cabe a mim, apenas, decidir qual
máscara irei vestir.