Não tenho muita regularidade. Os momentos passam rápido,
e quando percebo, perdi a poesia. Ou então eu guardo um
fragmento de uma pequena inspiração (imagina o quão
minúsculo isso é!) e esqueço. E isso tudo é culpa da
internet, que disponibiliza tudo ao mesmo tempo - eu
posso até ouvir o canto do uirapuru pelo youtube (que
Villa-Lobos, no outro mundo, nunca saiba disso!), eu
posso chorar a hora que quiser, sorrir a hora que quiser,
posso esquecer que existe algo lá fora e viver minha vida
dentro de um quarto ou escritório.
E isso tudo ainda não é nada, pois eu quero mais, quero
variar, quero poder sentir tudo ao mesmo tempo, viver
tudo ao mesmo tempo, e conhecer... tudo... ao mesmo
tempo. Com isso, eu perdi a noção... de tempo, de deixar
o que quer que seja acontecer, no seu determinado...
(respire fundo!) tempo.
Eu acho que a nossa vida está ficando cada vez mais
cubista. É um espelho que estilhaçamos para ver todas as
nossas próprias imagens em todos os ângulos,
simultaneamente. Não há mais somente um ponto de fuga,
mas vários, e todos, muito difíceis de enxergar.
Mas eu não estou reclamando. Não sou saudosista, me
enganando ao pensar que outros tempos eram melhores.
Nosso melhor tempo é o agora (ou nossos tempos, todos
eles, são o agora).
Acho que o principal é a adaptação. Eu tenho que me
adaptar, achar meu espaço, evitar o meu excessivo
estilhaço... e me concentrar. Talvez um pouco de terapia,
talvez muito de Deus, e muito de mim mesmo vá me ajudar.
Estou precisando reconstruir meu próprio espelho para
enxergar um Danilo de cada vez.
Abraço a todos os cubistas!
Danilo Andrade
www.eueabanda.com.br