A leitura é uma das coisas de que mais gosto nesta vida. Há tantas outras, evidentemente, mas é a leitura certamente uma delas. Aprendi a amar os livros ainda na adolescência e creio que hoje somente uma desgraça bem grande possa afastar-me deles. E amo, claro, os livros bem escritos, bem trabalhados, suados, aqueles cujo objetivo, talvez desconhecido até do próprio autor, se ache em todo o caso além do prosaico lucro. Admiro quem os saiba escrever bem. Uma suposta mesma história será muito distinta, na verdade, segundo a mão que a porá no papel. "Romeu e Julieta" já era uma história conhecida quando Shakespeare decidiu recontá-la, e os dramaturgos gregos da chamada Antiguidade Clássica competiam entre si com tragédias cujas tramas até as pedras de seus teatros ao ar livre conheciam de cor. Quando jovem, é claro, sonhava em poder um dia escrever textos definitivos. Hoje penso poder antes escrever coisas que, mais do que me alçarem o nome às alturas ou revolucionarem o fazer literário, me tragam tão somente a paz de não estar fazendo mal aos outros nem a mim mesmo. Ao menos, é o que espero.