DE MIM
não poetizo horizontes pássaros
pirilampos auroras desertos
não canto os verdes
as ruas as luas as noites
minhas analogias
por vezes rançosas
falam de mim
- de umas de mim
que comparadas comigo
consubstanciam minha poesia
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PROSCRITA
para quem
não me sabe
sou eiva
não o fruto
sou entranha
não a superfície
sou perplexidade
não o sentido
vim
para trazer a espada
não a paz
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escreXISTINDO
quando
não consegue mais se reinventar
esquecida de si
a Poeta escreve
quando
lhe sangra os olhos
e lhe seca o corpo
de dor ou de amor
a Poeta escreve
quando esquece
porque rompeu ou porque amava
ou porque sorria ou porque existia
a Poeta escreve
e escreve e escreve e escreve
em busca do Verbo não dito
que lhe nomeie as lembranças
e lhe tragam o escressentido
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FEMININO
pela flor entre as pernas
desabrocha a Mulher ...
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ABISMAL
sou poço sem fim
compelida pela vida
subo ao infinito
em busca do Eros perdido
por trás das máscaras deste mundo
expurgada pela vida
atiro-me ao fundo, cega
fugindo das sombras
daquilo que criei
onde eu principio
é um sonho louco
no qual sótãos
monstros e deuses
fazem de mim o que sou