Perfil
Douglas Carrara nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 26 de março de 1943. Poeta e antropólogo por vocação; na vida real faz o que pode para sobreviver. Vários livros publicados, poesia, pesquisa científica, artigos em jornais, sempre atrás de algo mais do que o mero cotidiano estéril e sem perspectivas. Poeta/declamador, considera a oralidade fundamental para a expressão da poesia. Como se não bastasse dedicou-se também à direção da Banca do Pó-etá, juntamente com Jania Cordeiro, editando boletins e organizando um ponto de vendas de livros independentes na cidade do Rio de Janeiro, no período de 1983 a 1989, buscando, enfim, a profissionalização definitiva do livro independente e a criação de um mercado para este produto cultural tão nobre quanto qualquer outro. Funda e dirige a Ribro Soft Editoria e Informática Ltda, com o objetivo de editar livros sobre literatura e ciência.
Escreve desde a idade de 16 anos, mas somente em 1980, publica seus cartões poéticos, com recursos próprios. No ano seguinte, em 1981, publica, também de forma independente, o livro "Incêndio Menor", no qual reúne os melhores poemas escritos durante os anos negros da repressão, promovidos pela ditadura militar.
Em 1982, publica um resumo de seu trabalho científico sobre a medicina popular brasileira, no livro editado pela Ed. Marco Zero, "Saúde Oficial, Medicina Popular", juntamente com o médico sanitarista Carlos Gentile de Mello.
Em 1984, participa de um seminário sobre "Saúde e Educação Popular", promovido pelo NOVA e pela Revista Médico Moderno, cujo texto foi publicado pela Ed. Vozes e pela própria revista.
Em 1986, publica através de sua própria editora, o poema-cartaz "Libertas quae sera tamen" e no mesmo ano publica o livro "Varal de Poesias ao Sabor do Vento", que seleciona poemas de 57 autores de diversas cidades brasileiras que mais se destacaram durante os anos 80. O Varal fica exposto durante 77 dias em três estações do Metrô do Rio de Janeiro (Cinelândia, Central e Carioca).
No longínquo ano de 1974, participou do evento poético "Poemação", no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, organizado pelo escritor Carlos Henrique Escobar, apresentando, com a colaboração do Grupo Sambaqui, o seu trabalho poético. Participa no mesmo ano, do Grupo de Teatro Experimental "Os Atores", dirigido por Almério Belém.
Em 1980, participa da Feira de Poesia Independente, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, desde o início, estando presente todas as sextas-feiras, recitando poemas na praça, vendendo livros e organizando varais de poesia. Na época, o regime ditatorial agonizante, ainda mostrava suas garras, lançando bombas em bancas de jornais, apreendendo material literário e matando pessoas. Na época, os poetas tiveram que enfrentar a Polícia Militar para poder ganhar no grito o direito de falar. Alguns companheiros, inclusive, apanharam muito por isso.
Com o encerramento das atividades da Feira, em 1983, o autor participa no ano seguinte da organização do Projeto Cultural Passa na Praça que a Poesia te Abraça, e ajuda a constituir o Grupo Poça d'Água, do qual faz parte até o ano de 1986, quando, por razões alheias à sua vontade, é obrigado a se afastar do grupo.
Portanto, nesse período de 84/86, freqüenta aos domingos, juntamente com os companheiros do Grupo, inúmeras praças da cidade do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu e São João de Meriti, com exceção de Duque de Caxias, pois, quando chegamos, na Praça do Pacificador, os crentes chamaram a polícia e não nos deixaram apresentar o trabalho . . . de recitar poemas, fazer teatro, vender livros da Banca do Pó-etá, expor varais de poesia, etc.
Antropólogo, formado em 1976 pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, transfere-se para Magé (RJ), com o objetivo de pesquisar o pensamento dos praticantes e usuários da medicina popular da região. Dedica-se intensamente ao estudo de antropologia, botânica, medicina homeopática e alopática e obtém apoio da Fundação Oswaldo Cruz, através do Programa Peses/Peppe, para a pesquisa "A Lógica da Medicina Popular", o que possibilita o aprofundamento da temática e com isso investiga minuciosamente o pensamento dos mateiros, raizeiros, rezadores, umbandistas e parteiras existentes na região. Em 1984, obtém Menção Honrosa no Concurso Sílvio Romero, promovido pelo Instituto Nacional de Folclore, com a monografia "Possangaba - O Pensamento Médico Popular", na qual expõe todo o resultado das pesquisas realizadas junto aos praticantes da medicina popular. Texto que acabou sendo publicado em 1995, por sua própria editora. Apesar das dificuldades inerentes à temática, defende-a publicamente através de debates, conferências, artigos na imprensa e ministrando aulas.
Ecologista, participa da fundação da Associação Mageense de Defesa do Meio Ambiente (AMMA), em Magé (RJ), no período 1980/1982, e pôde assim colaborar na preservação do meio ambiente, desenvolvendo diversas atividades na região, inclusive com denúncias e manifestações culturais. No mesmo período, participa da fundação da Sociedade Cultural Olho Nu e edita a Revista Literária Olho Nu, numa tentantiva de incentivar a cultura e a literatura no município de Magé (RJ).
Para sobreviver, vendeu durante o período de 1963/1993, sua força de trabalho, para o Banco do Brasil S/A, que cada vez mais pertence menos ao Brasil . . ., já que as demais atividades, fundamentais para a vivência do autor, infelizmente nunca lhe permitiram a sobrevivência digna.
O autor adquiriu, ao longo de todo esse tempo de pesquisas, andanças e vida literária, muito conhecimento desse imenso solo chamado Brasil (com 's') e aprendeu a amá-lo, da mesma forma que um filho ama sua mãe. E estuda porque gosta, procurando sempre conhecer mais. É uma luta difícil, porque o sistema não apoia quem tem posições críticas. Mas na verdade quem não critica é porque não pensa e quem não pensa não existe. Portanto, o autor prefere existir, viver, ainda que doa, a vida do seu tempo e tentar transformá-lo.
Atualmente coordena o Projeto Naturo-Data, que objetiva informatizar a fitoterapia brasileira, destinado a postos de saúde, hospitais, clínicas e médicos no Brasil, ainda em fase de desenvolvimento. Trata-se de um gerenciador de banco de dados completo, que possibilita o cruzamento de informações confiáveis sobre plantas brasileiras, doenças mais comuns, intoxicações, fármacos comercializados, sintomas, e, com isso, a possibilidade de gerar diagnósticos e monitorar os pacientes, com posologia adequada e acompanhamento estatístico.
Como Professor, tem ministrado aulas sobre antropologia médica, fitoterapia e medicina popular em diversas faculdades e escolas e atualmente ministra aulas de Botânica no Centro de Estudos em Naturopatia Aplicada (CENA), no Rio de Janeiro, que tem como objetivo principal formar terapeutas holísticos, garantidos ou não pela legislação vigente.
Atua também como radialista apresentando o Programa Raízes da Terra em rádios comunitárias no Brasil, que veicula informações sobre saúde, alimentação, medicina popular, meio-ambiente e cultura.
Enfim, um intelectual orgânico, em meio à mediocridade pós-moderna, dedicado integralmente à transformação das consciências colonizadas de um país dependente, exportador de riquezas e destruidor de inteligências, produtor de mão-de-obra barata e escrava, portanto, um país quase sem futuro.
Obras do Autor:
1980 - Incêndio Menor - Ed. do Autor - Magé (RJ) - (Cartões Poéticos )
1981 - Incêndio Menor - Ed. do Autor - Rio de Janeiro (RJ) - 45 p. (http://www.bchicomendes.com/dcarrara/incendio.htm)
1982 - Saúde Oficial, Medicina Popular (com Carlos Gentile de Mello) - Ed. Marco Zero - Rio de Janeiro - Brasil - 115 p.
1984 - Saúde e Educação Popular (seminário com a participação de Joaquim Alberto Cardoso de Melo, Elza Ferreira Lobo, Antônio Rafael da Silva e Paulo Dantas in Caderno de Educação Popular nº 7 - Organização: Equipe NOVA/Ed. Vozes - Petrópolis (RJ) - Brasil - 93 p.
1986 - Varal de Poesias ao Sabor do Vento - Seleção de Poemas Emergentes dos Anos 80 - Ribro Arte Ed. - Rio de Janeiro - Brasil - 28 p.
(http://www.bchicomendes.com/dcarrara/varal.htm)
1986 - Libertas Quae Sera Tamen - Cartaz-Poema - Ribro Arte
1987 - Libertas Quae sera Tamen ou Escravo, Portanto Escrevo - Ribro Arte Ed. - Rio de Janeiro - Brasil - 62 p.
(http://www.bchicomendes.com/dcarrara/libertas.htm)
1995 - Possangaba - O Pensamento Médico Popular - Ribro Soft Ed. - Maricá - Brasil - 260 p.
2011 - Possangaba - O Pensamento Médico Popular - 2a. Ed. Revisada - Ponto da Cultura - Maricá - Brasil - 266 p.
Biblioteca Chico Mendes
(http://www.bchicomendes.com)