para falar a meu respeito
não preciso mais que dois minutos
ou algumas linhas, suspeito

nordestino,brasileiro, universal
ou simplesmente Severino
como diria Cabral

ele de Recife
eu, do Maranhão
quase nada em comum
exceto o João

ele, de Melo Neto
eu, Nery Pestana
ele, arquitetando versos
eu, exaltando a façanha

Cabral, de Severino tudo tinha
como todos do Nordeste
bebemos da mesma água
comemos da mesma farinha

afinal, “somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida”
sofrendo dos mesmos males
sangrando as mesmas feridas

filhos da seca, do sol
da tórrida terra tacanha
não temos o ócio da escol
nem vida palaciana

herdamos do mundo os labéus
e do arrebol, a utopia
cultivamos estrelas no céu
e na alma, poesia.