Alucinado, habitei a Morada da Loucura.
Lá tudo era delírio, poesia. Grandiosidades.
Supus-me a mente de Deus e criei o mundo.
No mundo pus todas possibilidades no Homem.
O Homem, em mim, transfigurou-se Imortal.
A Imortalidade anulou-me.
Já não havia mais o porque das coisas.
Só meu Ser desperso confinado em seu Labirinto.
Mesmo Imortal, restou-me um Fio de Ariadne
Que me conduzia por entre meu Labirinto.
Por vezes, muitas vezes, o Fio rompia-se e
Era difícil amarrar suas pontas na profunda
Escuridão do meu Ser. Mas meu desespêro era
Tanto que criei um Mito que nomeei Lucidez.
Clamei por Pandora. Clamei por Palas.
Mas minha voz não tournou-se Verbo.
Na ausência de Verbo, qual deus me criaria?
Aos póucos, descri na Lucidez
Mas meu Pensar era tudo que Restara
Quando, ao acaso, encontrei a Arca de Midas.
Roubei trinta moedas e subornei um deus menor
Que corrompeu outros deuses diminutos.
Eis que então vim à Luz.
Mas condenado ao Labirinto.