Seria bom que outro falasse sobre mim
Outrem que não me conhecesse tanto quanto
Seria talvez mais simples e bonito assim
Algo como outra voz entoando o velho canto
Seria (pois) diferente ditar eu o meu escrutínio
Quiça desentranharia só (im)possíveis deformidades
Ensejando ao desatento um falso fascínio
E aos odientos, oportunidade
Seria suspeita toda virtude fortuita
Mesmo solitária e de vigor figurante
Que de tão pouca se contrastasse "muita"
A toda autocrítica dura e dominante
Seria risco certo de exposição crua
Patente como cruel me enxergo e descortino
Mais revelador que minha pessoa nua
Que outro cante porque eu desafino