Uma definição sobre a minha pessoa é algo que eu julgo complexo. Costumo citar que como o Dorian Gary de Oscar Wilde eu sou complicado. Isso de um modo geral basta. Para aqueles que tem curiosidade de saber mais, talvez sobre meu passado, costumo recordar-me de “Mágoas” do Augusto dos Anjos. Para os que não se bastam com estas definições, tenho ainda que remeter-me à Álvares de Azevedo em “Minha Desgraça”, “Terza Rima” e num soneto intitulado apenas de “Soneto” o qual trata de meus vícios. Assim como Fernando Pessoa falou em “Insônia” eu também não durmo (ou quase não o faço). Como Poe e Goethe eu também tenho minha(s) musa(s), que às vezes é “Lenora”, às vezes é “Carlotta”. E, por mais que eu me esforce para ser o “Isto” de Fernando Pessoa eu acabo por terminar como o “Trapo” do mesmo. Mas ainda assim, mesmo depois de tantas tentativas de escrever com a razão, eu sei que no final das contas eu acabo falando através de meus poemas e rabiscos “Como eu Te Amo”, na definição usada por Gonçalves Dias. Conforme eu disse, citando Oscar Wilde, “eu sou complicado...”
E usando do advento das palavras alheias uma definição para o que eu escrevo poderia ser:
Soneto - Alphonsus de Guimarães
Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...