Sou Gaúcho da cidade,
Urbano, maior de idade
Saio cedo e chego tarde
Não deixo rastro na areia
Nunca fujo de peleia
Mas corro como o diabo
De padre e de mulher feia
Nessa lida da cidade
Não cabe muita bravata,
Ao invés do lenço, a gravata
Ao invés da bombacha, o terno
Faça verão ou inverno,
Resfriado não me ataca
Sou um Gaúcho moderno.
Por ser forjado na terra,
Da tradição não descuido
Dos ateros tenho tudo
Bombacha, bota, facão
Tenho encilha, garruchão
Só falta mesmo o cavalo
O laço e o chimarrão
Costumo comer de tudo
Que a boa terra produz
De arroz com ovo a cuzcuz
Nas massas ninguém me ganha
Mas quando chega o domingo
Abro mão de ir ao bingo
Pra comer uma picanha
Não dou bola pra patrão
Ando só, não em matilha
Não tenho carro do ano
Nem herança de família
Mas fico muito a vontade
Em casa de autoridade
Ou em casebre de vila.
Por viver nesta cidade
Tive que me aprimorar
Retornei a estudar
Com incentivo da família
Talvez eu volte pra trilha
Que só o saber remete
Com ajuda da internet
Esse recurso, aliás,
Muitas portas me abriu
Navego por todo lado
Nestes confins do Brasil
Passando por Maceió, Bahia,
Até pelo Rio
Retornando a Porto Alegre
A terra que me pariu.
Sou natural deste Estado
De um bairro da capital
Queria nascer em casa
Lá nas bandas do Cristal
Mas conforme o atestado
Consta fulano de tal
Nascido na Santa Casa
Espero que desta forma
Tenha traçado um perfil
Nem tudo que ele informa
É aquilo que se viu
A palavra se transforma
Assume uma nova forma
Pra não dizer que mentiu
Quero convidar a todos
A visitar estes pagos
Vamos comer um churrasco
E tomar um mate amargo
Aos homens deixo um abraço
As mulheres um afago
E vou pedindo licença
Tenha a santa paciência
Me perdoem a urgencia
Mas ta na hora do trago.
