Eu não queria te escrever
Mas minhas mãos sentem um tranco
sobre o papel em branco
o que eu posso fazer?
Vou caindo no infinito
Nas entranhas das palavras
Sujando o papel impoluto
Cheio de vulcões em larvas
Inúmeros atores estranhos
Vão invadindo meu palco
Como num sonho:
A sensação de “déjà vu”
Minhas vidas passadas
Ou futuras não vividas
Ou vividas por minhas vidas outras
Que se aventuram pelas avenidas
.....que desfilam suas histórias
.....que não disfarçam seus segredos
....que se lançam no trapézio da memória
....que se borram de medo
Suicidas, heróis ou otários
Bêbados e solitários
Tolos, tarados ou artistas
Tarólogos ou flautistas
Brindando com a lua
Sonhando pelas sarjetas sujas
Ou, quem sabe, ainda
Escrachados em praias nuas
Com prostitutas lindas
Que juram que me amam