Por muitos anos alimentei a idéia de que eu era uma pessoa sem perspectiva, seja no tocante às minhas aspirações, ou quanto à minha criatividade e competência, ao retratar a vida num quadro limitado ao primeiro plano, primitivista por excelência.
Sempre tive a sensação de que tudo me tolhia a tal da liberdade. Hoje eu vejo que isso é um processo que ocorria dentro de mim e não fora. Na verdade acho que se perdemos a liberdade, somos nós mesmos que a tolhemos quando estabelecemos objetos de desejo e neles nos apegamos com a voracidade dos esfomeados.
Nos tempos atuais, vivemos ansiosamente em função de nossos objetos de desejo, mas eles, aos poucos, vão deixando de nos satisfazer até que um dia, quando menos esperamos, nos sentimos vazios e restritos ao nosso íntimo.
Descobri que cada coisa tem sua própria natureza e quanto mais o tempo passa, mais claramente percebo que "liberdade" é estado de espírito, que "liberdade" enquanto conceito é algo muito vago pois liberdade, de fato, é sentimento...
Mais que isso, liberdade é amadurecimento.
Portanto, tenho que agradecer à maturidade pelo equilíbrio e pela serenidade de hoje, os quais me trouxeram aos poucos e delicadamente a inspiração que norteia a minha vida.