Sou um frio. Frio e rútilo. Não sei como que me enxergam a alma, talvez uma alma de gelo. A primeira impressão que causo é que sou como um réptil, o réptil frio a se aquecer sob o sol, essa coisa que serve para esquentar a cara, o sangue, os ossos. Prefiro o Sol a deus. Sou mais com a fé no sol, que é o que me restou de humano ( como a nostalgia de um gosto perdido, uma noção de abraço, uma lembrança vaga do afago, do amigo). Sou a parte trevosa e obscura de outro eu, e que parece ser a parte inteira de todo o ser( como a casca crocante desses amendoins que vendem nos ônibus: é só a casca, mas dá uma sensação de ser melhor que a carne do amendoím). Não sou o riso que rompe do âmago para o todo, sou os músculos duros da cara ( do corpo) que não o expressou e o aprisionaram. Um sério, um sátiro, maldito, amável. Ainda há o amor... Essa porra!que não me deixa plácido na minha escuridão e teima em me caçar. Amor...não sei se quero mesmo esse apêndice... Mas eu insisto nesse apêndice que não me deixa plácido na minha escuridão.
(Alfredo)