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Eu, Colombina

"Dize pra mim quem sou
Que, ao simples bailar no salão,
Trago costurados em meus vestidos
Amores,
Perjuros,
Juramentos,
Juízos!

Eu, Colombina...
Que faço promessas a mim mesma
De nunca ter só um coração ao meu alcance.
Quero todos
E, ao mesmo tempo, nada quero
Pois ter é sinal de cobiça
E não ter é sinal de ignorância.

Dize pra mim quem sou
Pois eu mesma já não sei
E, se sei, nem a mim tenho audácia de revelar.

Certeza só tenho de algo:
Que o meu desfilar no salão mascarado
É como deixar todo o espaço inebriado
De um perfume feminino
Que não só domina o olfato:
Domina a alma,
Domina o corpo,
Domina os lábios e o peito,
Domina os cinco sentidos
E até o sexto se acaso tiver.

Sou jovem, condenada ao acaso,
De povoar os sonhos meninos
De desejo,
De luxúria,
De romantismo.

Depende dos olhos que me vigiam:
Para uns, sou a borboleta selvagem
Em busca da mais linda e cobiçada Dama da Noite.
Para outros, sou a lua espelhada no riacho:
Linda, prateada e ingênua
Mas impossível de ser tocada.

Eu por mim só, sou a Colombina,
A dama que vagueia este salão populoso,
Em uma noite de esperanças,
À espera de um coração verdadeiro
Que não seja muito triste
E nem assim muito fogoso."
Juliana Rocha