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''Ela sentou-se à mesa, a ponta dos dedos deslizando suavemente sobre o papel em branco, como se pudesse sentir nele as palavras que ainda não haviam sido escritas. A luz amarelada da lâmpada criava um halo ao seu redor, destacando os fios soltos de cabelo que caíam sobre seu rosto concentrado.

Com a caneta entre os dedos, respirou fundo. Escrever cartas sempre fora seu jeito de encurtar distâncias, de transformar sentimentos em palavras e de dar voz ao que o coração sussurrava. Cada linha traçada era um pedaço dela mesma entregue ao destinatário, um reflexo de seus pensamentos mais íntimos.

Ao seu lado, um punhado de papéis amassados denunciava tentativas frustradas. Mas ela não desistia. Queria que cada frase carregasse a emoção certa, que cada palavra fosse sentida como se fosse dita ao pé do ouvido. Na última linha, hesitou por um instante antes de assinar seu nome, sorrindo ao imaginar a reação de quem receberia aquela carta. Então, dobrou o papel com cuidado, como se embalasse um segredo, e selou-o com um suspiro suave de expectativa..."