Eu sou aquela menina do interior que traz embutido no coração as flores silvestres e seus perfumes na mente. Sou filha de muito irmãos, treze ao todo. Sou menina rebelde, sorrateiramente esquecida nos trieiros. Nasci velha, saudosa dos tempos e chorosa da criancices que não vivi. Sou menina ranzinza. Minha alma, vive o sonho de muitos para realizar o meu. Trouxe dos tempos antigos a luta pela liberdade, embutida em minha alma o destino do meu clã feminino.
Sou a jovem que encantou o amor, dedicada a construir uma esperança aos meus que amei. Sou a jovem que buscou abrigo na minha caverna, e como diz minha filha "você é bicho porco espinho" ( risos).Escondo-me, na minha casca e lá está minha força. Sou bicho... bicho ruminante, teimosa, lutadora. Já caminhei muito. A minha jornada foi boa, compreendi muitos loucos e tentei entender os médicos.
Sou uma senhora vivida, andei pelas estradas de pedras, juntei-as e construi meu castelo. Deixando meu legado aos que amei, e não sendo nada romântica aos que odiei. Não sou hipócrita, odiei, mais que amei. Não guardei mágoas de ninguém nem de nada. Tudo foi aprendizado. Lições aprendidas. Sou velha ranzinza, que gosta das letras e dos números. Estou caminhando e a jornada é longa. Páro, às vezes, e sigo. E sigo. Sou professora de vida e de profissão. Aprendi mais que ensinei. Todas as vezes que cai eu aprendi levantar. Aprendi que a vida é madrasta, sendo mãe.