Autores

Perfil

Mais de uma vez, as palavras me salvaram a vida.
Salvaram-me do tédio de criança cheia de energia, mas forçada a viver sempre em ambientes adultos, sérios e sisudos.
Salvaram-me dos caminhos em que, por vezes, a miséria nos lança, e nos quais muitos amigos se perderam.
Salvaram-me, ainda, da solidão, quando, sem consulta, fui lançada em um ambiente que não era meu, entre pessoas que desprezavam o que eu era e riam-se de minhas ridículas tentativas de ser como elas.
Salvaram-me do medo de, sem muito tempo para a transição, ser arremessada para a vida adulta e suas respectivas responsabilidades.
Salvam-me, agora, várias vezes ao dia, quando há mais tarefas a serem feitas do que há possibilidade de memória e tempo. Quando tenho de viver em meio a estranhos que não falam meu idioma. Quando tenho de virar a noite, à base de café, redigindo infindáveis textos apenas para que os professores tenham o prazer de enchê-los de anotações em vermelho. Quando tenho de optar entre o que me dá prazer e o que é necessário.
As palavras nunca me abandonaram e sempre representaram um porto seguro, forte e familiar, onde sei que meus pés podem caminhar confiantes.

Espero poder fazer de mim seu instrumento.