MINHA VIDA DE ARIGÓ!!!!
Nasci nas brenha do mato
Lá no mei dos cafundó
Sem inducação, sem trato
Iguarmente a um mocó
Mai num gosto da cidade
Pruque a filicidade
Pra mim é sê arigó.
Levando essa vida mansa
E sempre na insperança
Qui amanhã vai sê mió
Sem tê fumaça ou busina
Pra mode nos pertubá
Aqui inscuito o campina
Drecamando o seu cantá
Logo no rompê da orora
Tomém canta nessa hora
O o canáro e o sabiá
O som naturá da froresta
Duvido que inzista orquesta
Qui possa ao meno imitá.
Num invejo a vida atôa
De quem vevi lá na rua
Qui mora in casa boa
Nesse crima se habitua
Pode inté sê confortave
Mai pra eu nun é agradave
Prifiro mai vê a lua.
Qonde ela vem saino
E o seu brio relusino
Inboicada sobre a mata
Cum essa cena mi cuntento
Sentado ao sabô do vento
Lá na bêra da cascata
Eu óio e nem pestanejo
É gostoso quonde vejo
Cubrí meu sertão de prata.
Eu aqui vivo filiz
Sem raido ou trevelisão
Só inscuitando o concriz
O xexeu e o asulão
Que vevem sorto e gabola
Sem sabê o qui é gaiola
E munto menos prisão
Aqui trabaio na roça
Moro na minha paioça
E quero morrê no Sertão
Carlos Aires 16/03/2009