Quem ganha muito dinheiro
Assim como um deputado
Nem vai notar que o feijão
Está com o preço alterado
Que o arroz e a batatinha
Carne de boi de galinha
E o ovo da mesa some
Na casa do operário
Que com seu mísero salário
Padece passando fome.
O preço do gás é alto
O do transporte também
As contas de água e de luz
“Didin” pra pagar não tem
E se for comprar remédio
Finda morrendo de tédio
Com o alto custo, e aliais
Para aumentar a desdita
Mora numa palafita
Pois ganha pouco demais.
Uma casinha modesta
Sequer pensa em alugar
Uma peça de roupa nova?
Só se a velha se rasgar
Está fora do seu esquema
Shopping, teatro, cinema,
Vez por outra vai a praça
Por ela estar adequada
A sua renda apertada
Já é pública e é de graça.
No armário da cozinha
Não tem leite bolo ou pão,
Óleo, sardinha, salsicha,
Margarina, requeijão,
Salame charque, xerém,
E falta o fubá também
Pra fazer um bom cuscuz
Assim o assalariado
Segue triste, acabrunhado,
Conduzindo a sua cruz.
Quando adoece o coitado
Não tem plano de saúde
Está e mercê da sorte
E espera que Deus lhe ajude,
Criança ou pessoa adulta
Pra marcar uma consulta
Tem que pedir a Jesus
Pra amenizar seu dano
Senão vai passar um ano
Esperando pelo SUS.
Coloca o filho na creche
Pra poder ir trabalhar
Pois lá sempre tem comida
Pra o mesmo se alimentar
E iniciar seu estudo
Que lhe servirá de escudo
Ao longo da trajetória
Pra que não tenha jamais
A triste sina dos pais
Que amargam a vida inglória.
Quem ganha o salário mínimo
Não se atreve a imaginar
Em quando sair de férias
Com a família ir viajar
Pois isso é coisa de rico!
Diz, vou arrumar um “bico”
Pois a dívida está crescendo
Quero ficar trabalhando
Só assim posso ir pagando
A quem eu estou devendo.
Acho que o nosso país
Deveria se adequar
A uma política justa
Para beneficiar
Aquele que ganha pouco
E que vive quase louco
Pensativo e sufocado
Com tanta disparidade.
Tratem com dignidade
O nosso assalariado!
Carlos Aires
31/08/2021