A REVOLTA DO VELHO CANDEEIRO!!!

Sou um velho candeeiro

Que já estou aposentado

No outrora fui tão famoso

Mas, hoje sou revoltado,

Lá pela zona rural

Sempre fui essencial

Em qualquer propriedade

Vivi minha vida nobre

Na casa de rico ou pobre

Fornecendo claridade.

Levei luz a os idosos

Aos solteiros, aos casados

As crianças inocentes

Aos fogosos namorados

Evitando um chameguinho

Abraço, beijo e carinho,

Causando a inibição

Porque eles na verdade

Teriam mais liberdade

Ficando na escuridão.

“Candeeiro” esse é meu nome!

Mas houve variação

Também fui alcoviteiro,

Lamparina, lampião,

Alimentado com gás

Levei minha vida em paz

Sem sequer imaginar

Que a tal da eletricidade

Vinha trazer claridade

Usurpando meu lugar.

No outrora fui proveitoso

E tive uma vida bela

Mas quando falta energia

Em vez de mim é a vela

Quem brilha em seu castiçal

E assim cheguei ao final

Depois da modernidade

No tempo rude eu vivi

Mas sinto que já perdi

Meu prazo de validade.

A minha composição

Se resumia num trio

Em um trabalho irmanado

Onde eu, o gás e o pavio,

Fornecemos claridade

Para o homem da cidade

Pra vila, pra o camponês

As festas sofisticadas

Por nós foram clareadas

Éramos a bola da vez.

E a minha atividade

Nunca foi uma qualquer

Pois desde o mais nobre rei

Ao mais pobre esmoler

Usaram bem meu clarão,

Da mais pomposa mansão

A mais mísera moradia

Ali eu estava presente

Fornecendo ao ambiente

A luz que ele carecia.

Levei minha claridade

Para as noites de natal

Prestei serviço na escola

Na igreja no hospital

Nas casas comerciais

Porém ninguém fala mais

Nesse utensílio caseiro

Que antes foi tão querido

Porém já está esquecido

Esse antigo candeeiro.

Cheguei ao píncaro da glória

Mas, minha fase passou,

Hoje conto a minha história

Certo que nada mais sou

Mesmo assim faço um relato

Para que saibam de fato

No passado quem fui eu

Pelo tempo fui vencido

E agora estou reduzido

A uma peça de museu.

Carlos Aires

29/08/2021