Nos Cárceres do Tempo

Não consigo escalar essa montanha ardilosa e me desvencilhar dessas armadilhas concretas. Ou serão imaginárias? Estou perdendo o sentido das coisas e imergindo feito uma gigantesca rocha nesse oceano negro e cruel. O tempo já não demarca a minha caminhada e já não sei se estou mesmo nesse exato momento por aqui. Passado, presente, futuro... Vivo dilacerado em tantos pedaços e esse quebra-cabeça já não pode ser mais encaixado. Talvez esteja amargurado, por ser esse elo perdido que jamais encontrará seu corpo, sua casa, seu rumo. Lutei em batalhas inúteis. Sangrei por anos sem nunca ter visto sequer uma gota. Chorei imerso em depressões profundas num mundo elaborado por minha própria mente. Fui muito importante e inesquecível por muitos anos. Pelo menos até o dia em que tudo ruiu. Despertei há pouco, e me vi em meio a ruínas, cascalhos, trapos... A realidade é tão cruel quando a encaramos de frente e sepultamos todos e tudo aquilo que julgávamos fazer parte de uma trajetória linda e intocável! As lembranças sempre ficarão, mas jamais poderão ser como antes.

Alexsandro Menegueli Ferreira- 28/01/2015 às 00:00 hs