Viver na roça é viver
Em total felicidade
É usufruir do prazer,
Da paz e da liberdade,
É se sentir bem seguro,
É respirar o ar puro,
É desfrutar da beleza,
É viver intensamente,
A formosura afluente
Provinda da natureza.
Viver na roça é sentir
A brisa mansa e amena
É a cada dia assistir
A mais variada cena,
É contemplar as estrelas
É contentar-se ao vê-las
Piscando no infinito,
É ficar extasiado
Por não ter apreciado
Um cenário mais bonito.
Viver na roça é querer
Se acordar de manhãzinha
Vendo a aurora romper,
Ou, quando chega a tardinha,
Olhar para o ocidente
Ver a noite lentamente
Espalhando a sua manta,
Nessa hora de magia
Que a qualquer um contagia
Com a sua lindeza tanta.
Viver na roça é deixar
A cama, de madrugada,
Ir pra o curral ordenhar
A bela vaca malhada,
Levar ração as cabrinhas
Jogar milho pras galinhas
Esbanjar disposição
Na hora de ir a luta
Mostrar que sua conduta
Está dentro do padrão.
Viver na roça é pegar
Logo cedo no “batente”
É ter garra pra encarar
A chuva, a seca, o sol quente,
Carregar água em galão
Saber cultivar o chão
Com afoiteza e bravura
Se não mantiver o nível
É totalmente impossível
Viver da agricultura.
Viver na roça é preciso
Amar a fauna e a flora
É não ficar indeciso
Pois “quem sabe, faz a hora”,
Aqueles que errado agem
Destruindo a paisagem
Com o senso destruidor
Não passa de um salafrário
Que atua sempre ao contrario
Das ordens do Criador.
Viver na roça afinal
Tem de maneira concisa
Manter o original
No solo fértil em que pisa
E de maneira segura
Plantar a semente pura,
Natural, sem transgenia,
Pois o que faz mutação
Promove a transformação
No singular que Deus cria.
Viver na roça carece
Ser apegado e instintivo
Quem lá vive não se esquece
De ser forte e objetivo,
Imutável, persistente,
Preservando o ambiente
Com originalidade,
Pois um roceiro de fato
Não troca a rudez do mato
No bem-estar da cidade.
Carlos Aires
10/04/2016