*MEU RANCHINHO DE PALHA!!!

MEU RANCHINHO DE PALHA!!!

Felicidade não mora

Somente numa mansão

E vou lhes mostrar agora

Nessa minha descrição

Que quem habita um ranchinho

De palha, bem pobrezinho,

Bem distante da cidade

O ambiente condiz

Pra que assim viva feliz

Sem tanta comodidade.

Eu por exemplo resido

Numa palhoça pequena

Em meio ao mato, e duvido,

Que alguém goze a vida plena

Igual a que eu vivo aqui

Escutando o bem-te-vi

Improvisar seu trinado

E eu sentado no terreiro

Inalando o doce cheiro

Das lindas flores do prado.

Caso afirme que sou pobre

Eu prontamente lhe explico

Não possuo ouro nem cobre

Mas de sossego sou rico,

De dinheiro fico aquém,

Porém bem sei que não tem

Um viver calmo e tranquilo

Como o meu, longe das farras,

Ouvindo o som das cigarras

E o cricrilar dos grilos.

Reconheço, a urbe tem,

Seus mistérios, seus encantos,

Mas quem da brenha provém

Não se dá bem nesses cantos

Seria grande os suplícios

De viver entre edifícios,

Buzinas, sons e apitos,

Algazarras, alaridos,

Meus campesinos ouvidos

Não suportam tais agitos.

Adoro a tranquilidade

Do meu lugar tão ameno

Essa tal modernidade

Pra mim é quase um veneno

A claridade da rua

Não se compara a da lua

Numa noite de verão

Quando aponta atrás da serra

Prateando a minha terra

Com o seu magistral clarão.

Aqui armo a minha rede

Na sombra da quixabeira

E para matar a sede

Bebo água da biqueira

Degusto a doce mangaba

A saborosa goiaba

O delicioso umbu,

Meu apetite se assanha

Quando provo da castanha

Ou um bom suco de caju.

Nessa vida prazenteira

Vivo sem passar sufoco

E acho que é pura asneira

Alguém me chamar de broco

Porque me falta instrução

Sem estudo ou formação

Vivendo isoladamente

No silêncio, sem barulho.

Pois saiba que sinto orgulho

De ser assim diferente.

Aqui a honestidade

Impera em qualquer sentido

Também a simplicidade

Tem seu lugar garantido

O mar de encantos me afoga,

Longe do trafico, da droga,

Ou de qualquer outra tralha

Que incomoda o cidadão.

Sou bem feliz no sertão

Em meu ranchinho de palha.

Carlos Aires 20-06-2014