UM TRIBUTO AO BOI “NEGUINHO”!!!
Por vezes o ser humano
Sai dos níveis da razão
E comete um ato insano
Sem que haja precisão
Vou desenrolar o tema
No decorrer do poema
Quero dedicar carinho
Mesmo coberto de luto
Irei prestar um tributo
Ao saudoso “Boi Neguinho”.
No interior baiano
Município Barro Alto
E sem cometer engano
Nesse versejar ressalto
No povoado “Barreiro”
Nasceu esse boi fagueiro
O nosso protagonista
Foi herói sem precedente
Que viveu brilhantemente
Sua condição de artista.
Nas festas de vaquejada
“Neguinho” era a atração
Divertindo a criançada
E com sua mansidão
Deixava que lhe montassem
E também fotografassem
Seu porte belo, elegante
Deixando alegre e otimista
O visitante ou o turista
Fosse de perto ou distante.
Obedecendo ao comando
Que o dono gesticulava
“Neguinho” sabia quando
E qual mão que levantava
Fosse a esquerda ou direita.
E se lhe dissesse, deita
Nessa mesma ocasião
Deitava ligeiramente
Levando o público presente
Ao encanto, a emoção.
Era um gênio esse “Neguinho”
Mestre na sabedoria
Todo dia ia sozinho
Buscar lá na vacaria
Já bem distante, na roça
Atrelado a carroça
O leite quando o vaqueiro
A ordenha terminava
A produção transportava
Pra casa do fazendeiro.
Agora quero falar
De um momento especial
Ele foi participar
De um cerimonial
A missa da vaqueirama
Ali ganhou brio e fama
E tal mérito lhe endosso!
Pois ante aquele “conselho”
“Neguinho” ficou de joelho
Pra se rezar o Pai Nosso.
E esse herói já contava
Seus quinze anos de idade
E jamais imaginava
Que os laços da maldade
Iam cruzar seu caminho
Pois o dono de “Neguinho”
Por motivo corriqueiro
Agindo imprudentemente
Vendeu aquele inocente
Para o macabro açougueiro.
No matadouro ficou
Diante do seu algoz
Ali seu sonho findou
Sem direito a vez ou voz
O réu sem ter tribunal
Tombou num golpe letal
Pondo um fim na trajetória
Teve o sangue derramado
Sem que fosse respeitado
Seu passado, sua história.
É um ato de crueldade!
E revejo em tudo isto
A mesma barbaridade
Que se fez com Jesus Cristo.
Mesmo pacato e ordeiro
Foi trocado por dinheiro
E ignorado seus dotes
E com seu gesto ordinário
Comparo o proprietário
A Judas Iscariotes.
O boi foi sacrificado
Por conta de um ser tirano
Que agiu de modo impensado
Cruel ingrato e insano
E não viu seus predicados
Porém “Neguinho”! Teus legados
Ficam pra posteridade
De ti, só resta o arquivo
Porém sempre estará vivo
Mesmo em forma de saudade.
Carlos Aires 21/12/2013