UMA AURORA NOS VALES DO SERTÃO!!!
Uma aurora nos vales do sertão
Tem a moda contínua das cigarras
Papagaios, jandaias e gangarras
Revoando por sobre a região
Logo o sol exibindo seu clarão
Põe um fio dourado sobre a serra
Muge um boi no cercado, um bode berra
Cacareja contente a galinhada
É assim que acontece a alvorada
Pelas zonas rurais da minha terra.
O momento tão belo não se encerra.
Pois se escuta o canto do concriz
Inhambus, zabelês e juritis
Sonorizam em coro o Pé- da- serra
Sabiá gorjeando nunca erra
Uma nota sequer no seu trinado.
Um vaqueiro aboiando chama o gado
E inicia a ordenha da vacada
É assim um final de madrugada
No lugar que nasci e fui criado
O campônio já está desenfadado
Teve a noite tranquila e bem dormida
Bate logo a enxada e em seguida
Vai disposto pra o eito em seu roçado
Um cigarro de palha, enrolado
Uma faca peixeira na cintura
A cabaça com água limpa e pura
Satisfeito pra roça ele desfila
Carregando nas costas a mochila,
Com seu lanche, farinha e rapadura.
Na manhã ainda opaca, quase escura
O roceiro aproveita a hora fria
Quando a noite falece e nasce o dia
Vem a brisa suave com brandura
Que lhe afaga a pele, e lhe assegura
Condições pra o trabalho ser melhor
O prazer que ele sente é bem maior
Do que sente o homem da cidade
Tem orgulho em dizer que na verdade
Come o pão que gerou do seu suor.
A presença continua ao seu redor
Dos seus filhos e sua companheira
Faz que a vida lhe seja prazenteira
E assim jamais pense no pior
Desde o filho mais velho ao menor
São felizes e acordam bem cedinho.
E a cantiga de cada passarinho
É o som divinal que vem da flora
Ao quebrar o silencio dessa hora
Num momento sublime de carinho
E assim eu falei só um pouquinho
Do sertão quando o dia amanhece
Quando a lua já pálida adormece
E no colo da serra faz seu ninho
Já o sol despertando amarelinho
Sorridente nos traz o seu lampejo
E causando um efeito benfazejo
Desde que não motive a sequidão
Costumeira em tempos de verão.
É bem vindo ao povo sertanejo!
Carlos Aires 03/02/2013