O CONSELHO DE UM MATUTO!!!

Publicado por: Carlos Aires
Data: 12/03/2012
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Créditos

AUTOR: CARLOS AIRES DECLAMADA POR: CARLOS AIRES A VIOLA DE FUNDO É DO POETA REPENTISTA MEU AMIGO MANOEL DOMINGOS RAMOS DE CARPINA PE.
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O CONSELHO DE UM MATUTO!!!

Esse poema matuto foi escrito no idioma "Nordestinez" por isso aconselho ao leitor amigo que faça a leitura ouvindo o áudio para compreender melhor o sentido de cada palavra.

O Autor.

O CONSELHO DE UM MATUTO!!!

Caro doto do pudê

Inscuite a voz dum matuto

Que nunca aprendeu a lê

Se criou no mato bruto

Quaje morreno de fome

Sem tê conforto sem nome

Sem tê casa pra morá

Se abrigando numa choça

Prantando um pezim de roça

Pru mode se alimentá

Ocês do lado de lá

Nem oia o sofrê da gente

Pois come até se fartá

Drome numa cama quente

Num palacete praiano

Anda num carro do ano

Num sabe o que é vida ruim

Quem só cunhece a riqueza

Sente asco da pobreza

Tem inté nojo de mim

Essa é a verdade sim

Eu num intendo a razão!

Pra uns só sobra os inspim

Protos é frô e butão

Trabaio de só a só

Pra eu só sobra o pió

A angusta o disispero

A mão grossa, calejada.

A carça veia rasgada

E o boço sem tê dinheiro

O fio do ingenheiro

Do dotô advogado

Tem um vivê prasentero

Bem vistido,bem letrado

É cheio de privilegio

Instuda num bom colégio

Faz curso superiô

Im casa num farta nada

Televisão importada

Célulá, cumputadô!

O fio do lavradô

Num cunhece mordomia

Sem instudo sem valô

Logo qui amanhece o dia

Se acorda cedo infadado

Sai correndo pro roçado

E vai trabaiá no eito

Assonha im aprendê lê

Mas num intende pruque

Nunca teve esse direito

A mágua aperta o peito

Daquele pobe coitado

Peleja mas num tem jeito

Num passa dum flagelado

Um sem nada, um Zé Ninguém.

Qui relegado ao desdém

Vevi na maió pobreza

Num vivê sem qualidade

Passando nissidade

Sem pão pra butá na mesa

E além do mais tem certeza

Qui trabaia pra mantê

Os qui vevi na riqueza

Qui tem dinheiro e pudê

Indo pro supermeicado

É dois três carrim lotado

De fruta e muita verdura

Nem se alembra do coitado

Qui deu um duro danado

Pra que goze essa fartura

O home da agricultura

Qui ninguém lhe dá valô

E vevi uma vida dura

Diferente dos dotô

Sem conforto no sufoco

E o seu ganho é tão pouco

Qui inté sofre humilhação

Vevi comprando fiado

Quonde arrecebe um trocado

Disconta no barracão

É triste aquela afrição

Do camponês tão sufrido

Qui sofre decepção

E, além disso, é iludido.

Quonde é no tempo do voto

Vem gente tirando foto

Premetendo miorá

Aquela situação

Quonde passa as inleição

Num se alembra de vortá

Seu intento é inganá

Aquele pobe rocêro

E adispois qui chega lá

Só pensa im ganhá dinhêro

Nem liga pro inleitô

Qui nele cum fé votô

E adispois qui se elegeu

Num cumpriu o cumpomisso

Tumou um chá se sumisso

Nunca mais apareceu

E é pru isso qui eu

Tô fazeno esse relato

Num sei o qui acunteceu

Cum aquele candidato

Qui votei na insperança

Dum alento, uma mudança

Mas num cumpriu a premessa

Esse é um ano de inleição

Venha inspricar a razão

Apruveite a hora é essa

Eu num vô mais caí nessa

De acreditá nessa gente

Qui vevi apregando peça

Se fingino de decente

Já aprendi a lição

Na hora da votação

Vamo tê muito coidado

Pois seu voto é um tisôro

Qui vale mais do qui ôro

Pro candidato votado

Aqui deixei meu recado

E peço a sua atenção

Só vote num home honrado

Num é im quarqué um não

Inda tem home dereito

Pra qui seja um bom prefeito

Veriadô, deputado

Dê seu voto cunsiente

Sem favô e sem presente

De pulitico discarado!

Carlos Aires 11/03/2012