SAUDADES SERTANEJAS!!!
Quem ouvia o aboio do vaqueiro
Fazer eco na encosta lá da serra
O campina o canário da terra
Ou um galo cantando no poleiro
Um cachorro latindo no terreiro
O cantar da craúna e o azulão
O piar estridente do cancão
Desfrutava a maior felicidade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Um jumento rinchando no cercado
Uma vaca leiteira no curral
Quem viveu nesse clima especial
Na metrópole se sente isolado
Não esquece o trabalhando no roçado
Nem de quando cuidava da ração
Jamais vai esquecer o seu torrão
Nem tirar do seu peito essa saudade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Respirava um ar puro lá no mato
Diferente do ar aqui da praça
Onde cheiro de esgoto e de fumaça
Lhe agride os pulmões e o olfato
Obrigado a viver nesse mau trato
Enfrentando a cruel poluição
Se ora vive tristonho tem razão
De sonhar com aquela liberdade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Não esquece a cabaça que outrora
Pro roçado levava cheia d’água
No seu peito acumula tanta magoa
Só pensando de um dia ir embora
Não se apega ao lugar aonde mora
Pois pra ele é pior que na prisão
O detento tem crime e ele não
Mas se sente detido atrás da grade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Enfrentando transtorno e sofrimento
Pega ônibus, metrô, perua ou trem
A lembrança do sítio logo vem
Onde andava feliz no seu jumento
Se aflige com todo esse tormento
E só pensa encontrar a solução
Pra que volte outra vez pro seu rincão
E esse sonho virar realidade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Mas o tempo cruel avança lento
A família distante ele sozinho
Da mulher falta o beijo e o carinho
Cada filho mão sai do pensamento
Lembra o chão ressequido e poeirento
E da seca infeliz sem compaixão
Mas queria voltar praquele chão
Para ser bem feliz, pois na verdade
Hoje vive morando na cidade
Se lembrando da vida no sertão
Carlos Aires 07/05/2010