Oh, seu moço da cidade
Que vive de fino trato
Não sente a felicidade
Que se sente aqui no mato
Ver amanhecer o dia
Respirando a brisa fria
Pura, sem poluição
Comer com a mão na panela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem ouvir a melodia
De um vaqueiro caprichoso
Que solta um aboio saudoso
Cheio de melancolia
Sentindo a alma vazia
Ele enche o seu pulmão
Canta uma linda canção
E conquista a jovem donzela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem andar pela campina
Vem beber água da fonte
Que nasce naquele monte
Pura, limpa e cristalina
Vem te banhar nessa mina
Que sai de dentro do chão
Faz bem pra o teu coração
E cura qualquer mazela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem cá escovar teu dente
Com raspa de juazeiro
Depois sentar no batente
Sob a luz de um candeeiro
Cantar e contar piada
Com uma viola afinada
Declamar uma canção
Da maneira mais singela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem ver a Lua de prata
Todo o campo prateando
Ouvir o vento na mata
Lá bem distante zoando
Vem ver uma vaquejada
Fazer uma farinhada
Cavalgar num alazão
Montar no pelo sem sela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem ver a simplicidade
Do meu povo aqui da roça
Sem luxo e sem vaidade
Morando numa palhoça
Bem distante da cidade
Sem saber da novidade
De rádio ou televisão
Sem precisar ver novela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem ver como o galo canta
No romper da madrugada
Vem ver se tu não te encanta
Com o cantar da passarada
Vem ver a flor tão campestre
Com a sua beleza agreste
Enfeitando a região
Na mais perfeita aquarela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem cá ver o belo porte
Do matuto sertanejo
Se alimenta e fica forte
Com cuscuz, coalhada e queijo
Carne de bode e buchada
Ovos, leite, carne assada
Mel de abelha e requeijão
E galinha a cabidela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Vem ver a cabocla linda
Que tem a cor da romã
Que vai se banhar ainda
Lá na fonte de manhã
Sua pele é bronzeada
Sem ir à praia, nem nada
Atingiu a perfeição
Contemple a beleza dela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertão
Você, seu moço e doutor
Que não conhece a beleza
Com esse seu computador
Sentado aí nessa mesa
Vai e volta, sobe e desce
Tira e bota, vira e mexe
E não encontra a solução
São da frente dessa tela
Vem ver como a vida é bela
Vivida no meu sertãoo da cidade
Carlos Alberto de Oliveira Aires
Carpina-PE, 27/10/1996
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