POR EU SER DE ORIGEM SERTANEJA...

Publicado por: Carlos Aires
Data: 27/03/2010
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

AUTOR: CARLOS AIRES DECLAMADA POR: CARLOS AIRES FUNDO MUSICAL: VIOLEIROS NORDESTINOS
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POR EU SER DE ORIGEM SERTANEJA / NÃO ME ESQUEÇO DAS COISAS DO SERTÃO!!

MOTE DE DJAIR OLIMPIO & CARLOS AIRES

POR EU SER DE ORIGEM SERTANEJA

NÃO ME ESQUEÇO DAS COISAS DO SERTÃO!!

(GLOSAS CARLOS AIRES)

Por lembrar-me da terra onde nasci

Por jamais esquecer meu lugarejo

Por sentir no meu peito esse desejo

De voltar pro lugar onde vivi

Eu tentei esquecer não consegui

As paisagens da minha região

Pois quem migra pra longe do seu chão

Todo dia voltar pra lá deseja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

A galinha gostosa, de capoeira

No domingo a mulher sempre guisava

Pra comer com feijão farofa ou fava

Beber água aparada na biqueira

Comer frutos da velha quixabeira

Ou buchada de bode com pirão

Café forte pilado no pilão

De saudade meu peito até lateja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

Estou distante, mas inda sinto mágoa

A lembrança do outrora está presente

Do olho d’água da serra, essa vertente

Onde fui tantas vezes buscar água

Dos meus olhos o pranto até deságua

Recordando o velho casarão

Das panelas nas trempes do fogão

Ou dos favos de mel numa bandeja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

Gorjeando os sonoros sabiás

Tão felizes nos galhos de arvoredos

Lagartixas nas brechas dos rochedos

Se escondendo dos ágeis carcarás

Na areia o calango também faz

O seu túnel, mas só por prevenção

Pois o gato o cachorro e o gavião

Pra pegá-lo sequer nem pestaneja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

Pelos campos os galos de campina

Os canários da terra, as lavandeiras

Os saguins nas braúnas e aroeiras

Com os dentes cravados nas resinas

Das manhãs orvalhadas, das neblinas

Do timbu da raposa e do furão

De um tatu quando está cavando o chão

Da galinha que põe e cacareja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

Lembro ainda daquelas enxurradas

Do riacho a enchente rotineira

De relâmpagos, cortando a cordilheira

Provocando enormes trovoadas

Dos forrós Pé-de-Serra nas latadas

Das fogueiras nas noites de São João

Dos folguedos, dos fogos, do balão

Das rolinhas, com pinga ou com cerveja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

De repente os sapos aparecem

Também chegam cupins e tanajuras

Se arriscando fazendo aventuras

Voam alto, mas, muitos nunca descem

Passarinhos contentes enlouquecem

Saem cruzando o céu em profusão

Andorinhas promovem confusão

Se aninhando na torre da igreja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

As cortinas de nuvens se formavam

De repente o céu escurecia

Transformando em noite a luz do dia

Animais inseguros se abrigavam

E embaixo das árvores se amparavam

Ao ouvir o ribombo do trovão

Sertanejo transborda de emoção

E uma prece solene murmureja

Por eu ser de origem sertaneja

Não me esqueço das coisas do sertão!!

Carlos Aires 27/01/2010

Comentário do poeta Pedro Ernesto Filho

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=40550

Eu também fui nascido num recanto

onde o galo cantava dando a hora

um casebre amparado na escora

com um santo ampliado em cada canto

o seu dono pedindo a cada santo

que voltasse a chover no seu torrão

um menino escondio no oitão

imitando um cabrito que bodeja

por eu ser de origem sertaneja

não me esqueço das coisas do sertão.

Meu caro Aires, você foi de uma felicidade tamanha: versos grandes e ricos em tudo. Parabéns e que Deus o conserve assim.

Enviado por Pedro Ernesto Filho em 29/01/2010 09:52

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 27/01/2010
Reeditado em 29/01/2010
Código do texto: T2054175
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