UM ALERTA A PAPAI NOEL!!!
Papai Noel:
Eu fui àquela criança
Que morava lá no mato
Que nunca tive um brinquedo
E nunca calcei um sapato
Porém também fui menino
E por ordem do destino
Todo menino é igual
E mesmo eu sendo carente
Ficava feliz e contente
Esperando meu presente
Quando chegava o Natal
Tomava banho na bacia
Porque não tinha chuveiro
Sabonete não havia
Pra que eu ficasse com cheiro
Como a pobreza imperava
Eu feliz me ensaboava
Com raspa de juazeiro
A casa não se enfeitava
Pois a luz que clareava
Era o humilde candeeiro
Vestia as minhas roupinhas
Limpas, porém já rasgadas
Usadas em outras festinhas
Já estavam apertadas
Porque eu tinha crescido
Ou a roupa tinha encolhido
Por ser feita em fraco brim
Ainda lembro era amarelo
E sem ter sapato um chinelo
O meu Natal era assim
Como criança eu ouvia
Falar desse bom velhinho
Que com muita alegria
E com o mais terno carinho
Com seu trenó e suas renas
Saia em noites serenas
Na mais fria madrugada
Atendendo a clientela
Deixando em cada janela
Presente pra meninada
E eu papai Noel!! Ficava
Ansioso na espera
Pois assim eu imaginava
Mesmo pobre como eu era
Aguardava-lhe muito ancho
Na portinha do meu rancho
Pra ver a sua passagem
No seu trenó reluzente
Deixar pra mim um presente
E depois seguir viagem
E assim naquele abandono
Ia perdendo a esperança
Batia a fadiga e o sono
Piedoso com bonança
Socorria meus cansaços
Envolvia-me em seus braços
De tanta pena que tinha
E quando eu adormecia
Minha mãe tristonha ia
Colocar-me na redinha
O seu coração materno
Cheio de mel e doçura
Naquele momento terno
Enchia-se de amargura
Por me ver assim cansado
De tanto ter esperado
Pela realização
Do meu sonho e fantasia
Enquanto ela já sabia
Que era pura ilusão
E assim papai Noel!!
De manhã eu acordava
Nenhum presente encontrava
Sentia o golpe cruel
Diante a infeliz surpresa
Eu me enchia de tristeza
De magoa e desilusões!!
E pensava assim comigo
Porque deu-me esse castigo
E só passou nas mansões??
Aonde impera a riqueza
Doando a quem tanto tem
E aqui não veio e nem vem
Trazer nada pra pobreza.
CARLOS AIRES 24/12/2009