QUANDO CHOVE NO SERTÃO...
(CARLOS AIRES)
Quando Deus rasga a cortina
De nuvem bem carregada
Molha a montanha a baixada
O córrego o vale a colina
O relâmpago determina
O ribombar do trovão
De repente a mutação
Na caatinga ressequida
Começa brotar a vida
Quando chove no sertão
Depois da chuvada boa
Logo o sertanejo nota
Que encheu o barreiro, e a grota
Lá na cascata já soa
Tem muita água a lagoa
Aonde canta o carão
O açude e o cacimbão
Já estão quase esborrando
É a vida se transformando
Quando chove no sertão
O mato seco inicia
A se vestir de folhagem
Vai mudando a paisagem
De tristeza pra alegria
E logo no outro dia
Começa a transformação
É arado cortando o chão
E mulher deitando galinha
É a vida que se encaminha
Quando chove no sertão
Já floresce o umbuzeiro
De folha ainda desnudo
Enverdeceu quase tudo
E o fruto do juazeiro
Caiu com tanto aguaceiro
Deixou amarelo o chão
De plantar milho e feijão
Nosso roceiro não cansa
É a vida com esperança
Quando chove no sertão
Ouve-se batendo a enxada
Nosso lavrador contente
Já colocou a semente
Na terra fértil e molhada
Vai dar uma capinada
Pra que não haja invasão
De ervas na plantação
Pra que cresça bem sadia
A vida sem nostalgia
Quando chove no sertão
Os sapos estão cantando
Alegres com a invernada
A jurema está florada
O milho está pendoando
O povo se preparando
Pra festejar São João
Com fé e animação
Todos estão trabalhando
É a vida proliferando
Quando chove no sertão
Chovendo regularmente
Quanta alegria nos traz
E necessário se faz
Agradecer o presente
E a Deus pai onipotente
O povo faz oração
Expressando a devoção
Se ajoelha e glorifica
E a vida assim é mais rica
Quando chove no sertão
Carlos Aires 04/03/2009