O SERTÃO DO MEU OUTRORA PRA O SERTÃO QUE VEJO...

Publicado por: Carlos Aires
Data: 11/11/2008
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

AUTOR:CARLOS AIRES DECLAMADA POR:CARLOS AIRES
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O SERTÃO DO MEU OUTRORA PRA O SERTÃO QUE VEJO AGORA...

O SERTÃO DO MEU OUTRORA

PRA O SERTÃO QUE VEJO AGORA...

Oh! Sertão cadê a vida

Tão abundante de outrora

Há tempo que eu fui embora

Voltei pra te visitar

Mas encontrei meu lugar

Parecendo com um deserto

Não tem mata, o campo aberto

E o sol quente assolando

E o povo se lamentando

Que tá com sede e com fome

Sem aroeira, bom-nome

Quixabeira, jatobá

Angico, pé de juá

Marmeleiro, catingueira

Jurema preta, oliveira

Pinhão, icó, caroá

Cadê o galo-campina

E o canário cantador

E com sua voz de tenor

Não declama o sabiá

Também não ouvi cantar

A craúna e o concriz

O nambu e o cordoniz

Rolinha, azulão, vem-vem

Já não se encontra também

Raposa, preá, furão

Ticaca, camaleão

Timbu nem lobo-guará

Tudo isso tinha outrora

E nada vi mais agora

Deu vontade de chorar

Deu-me um nó na garganta

Que chegou calar a voz

Pois nem mesmo aveloz

Não tem, desapareceu

O pé de jucá morreu

Era um bem grande que tinha

No terreiro da cozinha

Ficou na mente a lacuna

E o pé de baraúna

Tão belo na minha infância

Perdeu a sua elegância

Da idade já lamenta

Os anos nos deram uns trancos

Eu estou de cabelos brancos

E ela de folhas cinzentas

Mas mesmo assim o sertão

Entrou pra era moderna

Com a energização

Não se usa mais lanterna

Lâmpada em vez de candeeiro

Água não é de barreiro

Todo mundo tem cisterna

Com o progresso e o crescimento

Até o velho jumento

Que antes era tão usado

Hoje está aposentado

E de maneira discreta

A modernidade prossegue

E no lugar do velho jegue

Usa-se a motocicleta

E assim meu sertão querido

Hoje te vejo mudado

E ao lembrar teu passado

O peito está comovido

Apesar de ter vivido

Toda beleza de outrora

Reconheço que agora

O povo tem condição

Com saúde e educação

Transporte e água a vontade

E essa estabilidade

Deixou nosso povo astuto

Que hoje gozam o desfruto

Com tanta facilidade

Se não mora na cidade

Mas também não é matuto

CARLOS AIRES, 11/11/2008

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Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 11/11/2008
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1277406
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