O SERTÃO A SECA E A SOLUÇÃO...
O sertanejo sofrido
É vítima da seca ingrata
A lágrima vira cascata
E o peito está dolorido
Olha o filho desnutrido
Ver a mulher magricela
Resolve abrir a panela
Dentro não encontra nada
Só a fome estampada
A sorrir no fundo dela
O pobre então desanima
Ao ver faminta a criança
A mãe ajeita balança
Porém não muda o clima
E ela ainda se anima
Tentando arranjar um meio
Ao filho oferece o seio
Que sugando inutilmente
Volta a chorar novamente
Porque o leite não veio
A mãe volta a balançar
Fica cantando e chorando
Sente o pranto derramando
Tenta o filho acalentar
E lamentando a ninar
No relento ao abandono
Igualmente um cão sem dono
Beija, abraça, acaricia
Mas com a barriga vazia
Ninguém consegue ter sono
A mãe sem se alimentar
Não pode encontrar um jeito
De juntar leite no peito
Pra criança amamentar
E o pai a se condenar
Se sentindo um triste réu
E vivendo assim ao léu
Diz, sou inútil, impotente
Ver seu filhinho inocente
Virar anjinho, ir pro céu
E assim são aos milhares
Que passam por esse drama
E pra mãe que ao filho ama
Passar por esses pesares
Lançando tristes olhares
Sem nada poder fazer
Vendo o filho esmorecer
Pede a Deus com confiança
Mas perde toda a esperança
Ao ver o filho morrer
São essas realidades
Que existem em nosso Sertão
E os que governam a Nação
As nossas autoridades
Não vêem as necessidades
Pois se fartam em abastanças
Vivem nos dando esperanças
Que não saem do papel
Enquanto a morte cruel
Está matando as crianças
Quem sabe um dia o sertão
Vença o grande desafio
E resolvam no velho rio
Fazer a transposição
Acabar com a sequidão
Seguindo essa diretriz
Corta o mal pela raiz
Matando a triste lembrança
Enfim ver nossa criança
Nascer e criar-se feliz
E assim de esperar
Vive o pobre sertanejo
Com a sensação e o desejo
Que um dia vai melhorar
E vamos acreditar
Que alguém atitude tome
Pra que o matuto sem nome
No futuro possa dizer
Vi o meu filho crescer
Sem o fantasma da fome
Carlos Aires, 06/11/2008
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