MINHA E OUTRAS METADES
Somos o complemento do todo,
Somos parte inerente a Deus,
Somos metades de sábio e tolo,
De quem crê ou até são ateus.
Olhei meu corpo e achei a linha,
Divisão de uma soma do que sou,
Cuja metade é de quem caminha,
À procura de saber onde estou.
Pela cola das metades de gênero,
Chegarás ao querer dos hormônios,
E virás branco, preto ou moreno,
E terás mãos, pés e até crânio.
Se a fala for barítono ou tenor,
Só o tempo dirá com a plenitude,
Mas também pode vir sem pudor,
E viver sem exemplos e virtudes.
Ninguém escolhe depois de feito,
Pois essa escolha vem de um coito,
E tem o contrato mais que perfeito,
Além da lógica de seres afoitos.
A minha metade não existe,
Pois eu sendo metade, morri,
Sou a soma que ainda insiste,
Ou que assiste, após o sorrir.
Sou piada, chacota ou desprezos,
Se não concordo com o teu ego,
E sou pedra de todos os preços,
No sapato de todos que nego.