SER LAGARTA OU VORAZ

SER LAGARTA OU VORAZ

 

Devia ser a promissora lagarta,

Quando vejo o casulo se abrir,

Mas há dor e meu eu já infarta,

Se a borboleta me diz que morri.

 

Mas quem morre ali é o passado,

E o meu modo de larva oprimido,

Que sofria, enquanto engessado,

Ou seria um descaso enrustido.

 

São mistérios em modos de vida,

Que demonstra enquanto visceja,

Como um girassol quer seu dia,

E só procura o Sol que almeja.

 

Não saberei porque nasci tão só,

Se alguns bichos são poligêmeos,

Pois eu sempre me achei melhor,

Mesmo havendo o castigo terreno.

 

Ser humano não se cria sozinho,

E precisa de um colo e mentor,

Novo é frágil como passarinho,

Mas, se cresce, é um gladiador.

 

O absurdo é se tornar tão voraz,

Ou querer dominar um semelhante,

Mas o líder que sabe o que faz,

Não precisa ser tão ignorante.

 

Quando entendermos o recado,

E saber que tudo é só agonia,

Vão saber como é oco o átomo,

E o que vê pode ser fantasia.

 

Cada cena só se dá com a luz,

Mas a velocidade é o segredo,

Pois até o que sou não seduz,

Se, no escuro, eu sentir medo.